Conselheiros das Comunidades pedem ao Governo contactos para apoiar emigrantes
O Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas enviou na quinta-feira um conjunto de recomendações ao Governo para que os emigrantes que precisem de apoio social possam ter, durante a pandemia, quem contactar.
Entre as recomendações está, em primeiro lugar, a criação de uma linha telefónica gratuita e centralizada em Lisboa para apoio aos emigrantes portugueses que necessitem de informações ou de apoio social.
A carta, dirigida à secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e assinada pelo presidente do Conselho Permanente, Flávio Alves, defende, “por analogia aos casos de repatriação, a criação de uma linha telefónica gratuita de apoio emergencial, centralizada nos serviços em Lisboa”, às comunidades portuguesas que “necessitem de alguma informação ou apoio social neste grave momento”.
“A disponibilização [e ampla divulgação] pelos postos consulares de linha telefónica (local) de emergência, para receber demandas [pedidos] de portugueses/as em situação de vulnerabilidade e que necessitem de urgente apoio médico ou social”, é a segunda das recomendações feitas.
Na mesma carta, divulgada à Lusa, a presidência do Conselho Permanente afirma que pediu aos conselheiros para verificarem junto das suas comunidades um conjunto de situações, incluindo a eventual existência de pessoas com carências ou a necessitarem de algum apoio social na área consular, e se tinham ou não conseguido esse apoio.
Pediu ainda aos conselheiros se tinham conhecimento, além da linha para regresso, para quem estava em viagem (+351 217 929 755), de mais outra linha de emergência disponibilizada pelos consulados da sua área para receberem pedidos de pessoas em dificuldades.
Com base nas respostas o Conselho concluiu que,“em função da pandemia, os postos consulares têm o seu atendimento reduzido ou mesmo encerrado presencialmente”, o que considera “admissível neste grave período”, mas alguns disponibilizaram email ou linha telefónica de emergência local para atendimento.
Porém, há portugueses “residentes no estrangeiro atingidos mortalmente pela Covid-19” e “há casos de vulneráveis que necessitam de algum apoio, até pessoas acamadas ou que não podem ou, por medo, não querem sair de casa”.
Segundo a missiva, o apoio a estas pessoas “tem sido feito pela sociedade civil, conselheiros e/ou movimentos associativos locais”, ou pela criação de grupos em redes sociais nos quais são partilhadas boas práticas e informações oficiais.
Além disso, “a única divulgação massiva em todas as comunidades foi a difusão da linha telefónica + 351217929755, para tratar do repatriamento de quem reside em Portugal”.
Na carta dirigida a Berta Nunes, os conselheiros apontam algumas falhas à comunicação social portuguesa no relato do que se passa nas comunidades.
“O importante trabalho da comunicação social portuguesa ao divulgar o impacto da Covid-19 (em Portugal e em outros países) deveria estender-se a relatos ao que passam as nossas comunidades, em diferentes graus e, especialmente, os mais vulneráveis”, apontam.
Em 19 de março, o Conselho das Comunidades Portuguesas recomendou ao Governo que não se esquecesse dos emigrantes espalhados pelo mundo e que estivesse em permanente contacto com os postos consulares e os governos locais durante o cenário de pandemia.
“Espera-se que as comunidades portuguesas espalhadas por todos os continentes não sejam esquecidas e que Portugal esteja em permanente contacto com os postos consulares e com os governos dos países de acolhimento, a fim de saber como estão e do que precisam as nossas comunidades”, lia-se num comunicado enviado à Lusa, na altura.
O Conselho das Comunidades Portuguesas é o órgão de consulta do Governo português para a área das comunidades.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 186 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.
Lusa/Observador