Este encontro é o 3.º do género desde o fim do conflito que durou três anos e tinha terminado apenas com um armistício. Tratado de paz será assinado antes do final deste ano.
Fim da guerra:
Coreia do Norte e Coreia do Sul vão assinar, até final do ano, um tratado que vai pôr fim oficial à guerra da Coreia, 65 anos após o fim das hostilidades que terminaram apenas com um armistício. O anúncio foi feito por Kim Jong-un e por Moon Jae-in, os líderes das duas Coreias reunidos numa cimeira histórica na zona desmilitarizada que separa os dois países.
O documento, formalmente chamada Declaração de Panmunjon para a Paz, Prosperidade e Unificação na Península Coreana, foi revelado após um dia de negociações entre os dois líderes e na sequência de uma conversa privada de 30 minutos.
\ »Somos um povo que não deve estar em confronto entre ele… devemos viver em união\ », afirmou Kim diante da Casa da Paz, acrescentando: \ »Esperámos muito por este momento. Todos nós\ ». Ao seu lado, Moon garantiu que os dois lados acordaram a desnuclearização completa da península. \ »Não vai haver mais guerra na Península coreana, começou uma nova era de paz\ », garantiu o presidente sul-coreano após a assinatura da declaração.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, sentaram-se frente-a-frente numa mesa oval, cada um rodeado por dois assistentes, permitindo que o arranque das conversações fosse transmitido em direto pelas televisões.
A cimeira entre os líderes das duas Coreias teve início no lado sul da zona desmilitarizada que marca a fronteira no paralelo 38. Num momento cheio de simbolismo, Kim e Moon apertaram as mãos na fronteira, em frente à Casa da Paz em Panmunjon. Antes de atravessar para o lado sul-coreano da fronteira, Kim convidou Moon passar para o lado do Norte.
Curiosamente, segunda a BBC, esta não terá sido a primeira vez que o presidente sul-coreano pisa solo norte-coreano, uma vez que em 2004, quando era assistente do presidente Roh Moo-hyun, juntou-se à mãe numa visita a familiares no Norte, no âmbito do programa de reunião de famílias separadas pela guerra.
Entre uma primeira ronda de discussões e uma segunda, os dois líderes participaram numa cerimónia em que plantaram uma árvore, com Kim a falar numa \ »nova primavera\ » entre os dois países. \ »Espero que a nossa relação possa crescer tal como este pinheiro\ », afirmou o líder norte-coreano. Ao que Moon respondeu: \ »Sim, espero que isso aconteça\ ».
Antes do início da cimeira, Kim Jong-un saudou o nascimento de uma nova era de paz.
\ »Uma história nova começa agora – no ponto de partida da história e de uma era de paz\ », escreveu o líder norte-coreano no livro de honra colocado nas instalações, no lado sul da fronteira, onde decorrem as conversações.
No arranque dos trabalhos, e segundo a Associated Press, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in que não iria repetir o passado onde as duas partes se mostraram \ »incapazes de alcançar acordos\ ».
Já o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse ao líder norte-coreano que espera da cimeira a conclusão de um \ »acordo audacioso\ »
\ »Espero que tenhamos discussões francas e que alcancemos um acordo audacioso a fim de oferecer ao conjunto do povo coreano e aos que querem a paz um grande presente\ », disse Moon, citado pela AFP.
Depois da tensão provocada pelo lançamento de mísseis e pelo sexto ensaio nuclear norte-coreano em 2017, poucos previam na altura uma aproximação tão rápida entre as duas Coreias. Mas depois de um discurso de ano novo mais conciliatório por parte de Kim, o ponto de viragem foram os Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, em fevereiro. Na cerimónia de abertura, os dois países desfilaram juntos sob a mesma bandeira.
Este encontro é o terceiro do género desde o fim da guerra da Coreia, que terminou em 1953. O primeiro teve lugar em 2000 entre o presidente sul-coreano Kim Dae-jung e o líder norte-coreano Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, o segundo realizou-se em 2007 de novo com Kim Jong-il mas com Roh Moo-hyun do lado da Coreia do Sul.
Para maio está previsto um encontro entre Kim Jong-un e o presidente americano, Donald Trump. O local onde esta cimeira histórica irá decorrer ainda não foi divulgado.
Alfa/DN