Coronavírus/Itália: 2 mortos, 80 infetados, dez cidades isoladas. Números não param de crescer

Coronavírus em Itália: há já 80 infetados e dez cidades isoladas, jogos de futebol cancelados, universidades fechadas e forças armadas de prevenção. Números não param de crescer

foto MATTEO CORNER

Alfa/Expresso/Lusa

Conselho de ministros extraordinário aprovou legislação de emergência para travar o avanço da epidemia. Reunião do governo de Giuseppe Conte terminou perto da meia-noite, na sede da Proteção Civil. Na noite deste sábado, foram confirmados 16 novos casos. Já há 80 doentes diagnosticados em Itália e dois mortos, zonas ‘vermelhas’, dez cidades isoladas, jogos de futebol cancelados, universidades fechadas e forças armadas de prevenção

OGoverno de Giuseppe Conte aprovou legislação especial que prevê sanções para quem violar o isolamento das zonas mais afetadas pela epidemia, na região lombarda e no Venetto.

Numa conferência de imprensa que começou perto da meia noite em Itália, 23h00 em Lisboa, na sede da Proteção Civil, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, disse que o principal « objetivo é proteger a saúde dos italianos ».

Com o número de infeções confirmadas a aumentar ao longo do dia deste sábado, Conte, afirmou que a saúde da população « é o que é mais importante para nós. A saúde ocupa o primeiro lugar na hierarquia ideal de valores constitucionais« .

SANÇÕES PARA QUEM INFRINGIR PERÍMETRO SANITÁRIO

A violação do « procedimento de entrada e saída » do epicentro da zona onde foram detetados mais casos de coronavirus, é passivel de « sanção penal, de acordo com o artigo 650 do Código Penal« , escreve o diário « Corriere della Sera » na edição digital.

As restrições impostas à circulação de pessoas nas zonas mais atingidas pelo surto, serão « avaliadas periodicamente ».

Perante a escalada do número de novos casos, foi criado um perímetro de segurança no Venetto e na Lombardia, que inclui o encerramento de diversos locais de trabalho, escolas e universidades, eventos públicos, o que inclui o cancelamento dos eventos desportivos previstos para este domingo, incluindo o jogo entre o Inter de Milão e o Sampdoria.

O efeito prático desta medida é o isolamento de uma dezena de cidades, em particular na Lombardia (norte). « Nas zonas consideradas como de surto, não será autorizada nem a entrada nem a saída, à exceção de autorização particular », declarou aos media o primeiro-ministro italiano. Giuseppe Conte anunciou ainda o encerramento de empresas e escolas nessas zonas, e a anulação de todos os eventos públicos (carnavais, competições desportivas, excursões escolares, entre outros).

O chefe do Governo disse ainda que as forças de segurança já têm instruções para « agir ». Se for necessário, e a os cidadãos não acatarem as instruções, haverá intervenção das « forças armadas. Mas temos muita confiança na colaboração dos cidadãos« , esperando que tal não seja necessário, acrescentou.

O Corriere della Sera, escreve que « qualquer área em que morem ou tenham estado pessoas que testaram positivo, deve ser isolada« , criando assim uma « zona vermelha », interdita à circulação.

« As vias de acesso serão controladas por carros patrulha e carabinieri, para que ninguém possa entrar ou sair, a menos que existam necessidades específicas que têm de ser previamente autorizadas » pelos serviços municipais.

Nesta primeira fase, o « cordão » de segurança será instalado nos municípios onde as atividades públicas já foram suspensas, escolas e escritórios fechados. Se a epidemia se espalhar, serão criadas áreas mais alargadas que poderão incluir mais municípios ».

COMO O VÍRUS CHEGOU A ITÁLIA

O principal surto do novo coronavírus Covid-19 encontra-se em redor de Codogno, a 60 quilómetros de Milão. Nesta cidade e em nove localidades vizinhas, todos os locais públicos (bares, câmaras municipais, bibliotecas, escolas), à exceção das farmácias, estão encerrados desde a noite de sexta-feira.

A maioria dos casos na Lombardia tiveram origem num quadro empresarial de 38 anos da multinacional Unilever, hospitalizado desde quarta-feira em Codogno, em cuidados intensivos, e que foi transferido hoje para um estabelecimento com mais condições em Pavia. A sua mulher, grávida de oito meses, está contaminada, e ainda um amigo, frequentadores de um bar, e os médicos que o assistiram de início.

Em conselho de ministros, o Governo aprovou um decreto-lei que na prática isola esta zona onde se concentram mais de 50.000 habitantes. Conte indicou que vão ser instalados postos de controlo e que, se necessário, enviará o exército e todas as forças de segurança.

Um segundo foco de contágio foi detetado na povoação de Vo’ Euganeo, na Venétia (região de Veneza, nordeste). Era desta região o primeiro cidadão italiano, e europeu, (78 anos) que morreu após um teste positivo ao novo coronavírus.

A maioria das novas contaminações em Itália ocorreram na Lombardia (54 casos) em redor de Codogno, e na Venétia (17 casos). O chefe da proteção civil, Antonio Borelli, também se referiu a dois casos em Emília-Romanha, vizinha da Lombardia, e um no Piemonte, que derivaram do surto de Codogno.

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