No Primland, em Romainville, os clientes eram incitados a doar antes de começarem as compras de sábado e muitos não ficavam indiferentes. “Eu trabalhei durante todo o confinamento e posso dar. Prefiro dar aqui do que a outras instituições que não sei a quem vão dar”, indicou Julieta Alves, que costuma ir àquele supermercado todos os fins de semana.
A crise da Covid-19 não deixou ninguém indiferente em França e as consequências não se fazem sentir só na Comunidade portuguesa, com dificuldades financeiras e perdas de emprego. “Esta crise vai atingir todos. Claro que a Comunidade portuguesa nos toca mais, são as nossas raízes e é o nosso país. Se já havia problemas, as coisas só têm tendência para ficar piores”, disse Clotilde Lopes, que organizou os caixotes de roupa.
Entre paletes com alimentos, sacos de roupa e caixotes, cerca de 20 costureiras da associação Hirond’Ailes criavam máscaras para quem, mesmo os produtos de proteção individual, se tornaram demasiado caros.
“Estamos a contar acabar o dia com 1.000 máscaras. Desde 13 de março já fizemos mais de 6.000 máscaras para quem mais precisa. É sempre a mesma classe social a ficar mal e o nosso dever é ajudar. O que está ao nosso alcance são as máscaras laváveis, o que vai permitir às pessoas pouparem algum dinheiro”, disse Suzette Fernandes, Presidente da Hirond’Ailles.
Os bens e donativos em dinheiro vão agora ser distribuídos pela Santa Casa da Misericórdia de Paris, associações portuguesas que já fazem apoio social aos mais desfavorecidos e ainda igrejas portuguesas na região parisiense, mas a solidariedade não deve parar. “A pandemia ainda não acabou. Não só em termos sanitários, mas também uma segunda fase que é a uma crise social e económica que vai destruir famílias e empregos. A nossa vontade é dizer que todos juntos conseguimos, talvez, dar uma solução a quem mais precisa”, indicou Fernando Lopes.
A Rádio Alfa vai continuar a encaminhar as doações de quem não conseguiu comparecer este sábado para as instituições que estão no terreno.