O Festival Dancefloor, que deveria acontecer no final de julho em Braga, foi adiado pela organização composta por empresários lusodescendentes devido à falta de respostas da autoridades portuguesas sobre o protocolo de realização de grandes eventos.
« Vamos ter de adiar o festival. Não tendo indicações ou visibilidade sobre aquilo que teríamos de fazer para poder realizá-lo e não tendo decisões sobre o que temos de implementar para poder acolher os nossos festivaleiros nas melhores condições, é impossível », lamentou Tiago Martins, organizador do festival de música eletrónica Dancefloor.
Em entrevista à Lusa no início de abril, Tiago Martins tinha oferecido o seu evento para ser parte dos testes necessários para criar um protocolo seguro de modo a acolher várias pessoas num recinto.
O Dancefloor iria realizar-se em 2021 no Altice Arena, em Braga, e nas edições passadas chegou a juntar 20 mil pessoas.
No entanto, a dois meses do Festival, este lusodescendente nascido em França, considera que não estão reunidas as condições para realizar este festival aguardado pelos amantes da música eletrónica portugueses e estrangeiros, já que ainda não são conhecidas as regras sanitárias a respeitar.
« Neste momento, como chefe de empresa, não tenho outra solução. Tenho de tomar a melhor decisão para a empresa e para o evento », explicou.
A edição de 2019 do festival teve um orçamento de 350 mil euros e em 2021 previa-se um aumento, apesar de os empresários que organizam o evento não terem previsto qualquer lucro para 2021 devido às perdas de 2020.
« Nós ficámos completamente às escuras e preferimos cancelar porque temos de respeitar todas as pessoas que já compraram bilhetes. Mas há um real impacto nos empregos em Portugal, na animação em Braga, no setor hoteleiro da região », enumerou Tiago Martins.
Este lusodescendente é também presidente da agência de marketing Marque & Co que trabalha em França com marcas como Danone ou Sanofi, estando agora a retomar os eventos em terras gaulesas.
« Em França, temos regras, até podemos dizer que as regras são boas ou más, mas estamos a respeitá-las. […] A estratégia em França está a ser inteligente, mais vale fazer poucos eventos, mas com regras do que não fazer nada », explicou.
Tiago Martins garante que os seus empregados em Portugal dedicados à organização deste evento vão ficar em lay-off, mas lamenta a situação das empresas subcontratadas para a logística do som e da luz, assim como de muitos técnicos que trabalham a recibos verdes.
De acordo com o ‘plano de desconfinamento’ do Governo, a realização de « grandes eventos exteriores e interiores, sujeitos a lotação definida » é permitida desde 03 de maio, pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Foram realizados quatro eventos-piloto, entre finais de abril e inícios de maio em Braga, Coimbra e Lisboa, com plateia sentada e em pé, com o objetivo de definir « novas orientações técnicas e a realização de testes de diagnóstico de SARS-CoV-2 para a realização de espetáculos e festivais ».
A 05 de maio, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmou que os ministérios da Cultura e da Saúde estavam a trabalhar para perceber a « progressão » que seria possível fazer na realização de eventos, já autorizados, e remeteu um balanço para depois da realização dos « eventos teste ».
Aqui fica uma recordação…