Emmanuel Macron ameaça reforçar sanções contra não vacinados em França, a quem chamou « irresponsáveis », dizendo que vai continuar a « emmerder » os que recusam vacinar-se.
« “Quando as minhas liberdades ameaçam as dos outros, torno-me irresponsável. Alguém irresponsável não é um cidadão”, afirmou o chefe de Estado numa entrevista ao jornal Le Parisien.
O uso deste tipo de linguagem pelo Presidente francês provocou uma onda de críticas muito duras da parte de praticamente todos os setores políticos da oposição, de Jean-Luc Mélenchon a Marine le Pen.
“Não pretendo irritar o povo francês” (…) “Quero realmente irritar os não vacinados. E assim vamos continuar a fazê-lo até ao fim. É essa a estratégia”, afirmou Emmanuel Macron.
“Numa democracia, o pior inimigo são as mentiras e a estupidez. Quase todas as pessoas, mais de 90 por cento, aderiram à vacinação e é uma minoria muito pequena que é resistente”, acrescentou. “Como podemos reduzir essa minoria? Nós reduzimos – desculpe a expressão – irritando-os ainda mais”, concluiu.
No que respeita às críticas a Macron, a candidata presidencial da direita republicana, Valérie Pécresse, declarou estar « indignada com as palavras do Presidente da República ».
“Ele também disse que os não vacinados não eram cidadãos. No entanto, não cabe ao Presidente da República separar os bons e os maus franceses. Tem que aceitá-los como são, liderá-los, juntá-los, sem insultá-los”, disse, acrescentando que Macron mostrou « uma terrível falta de empatia nesta entrevista para todos aqueles que não podem ser vacinados » .
“Há alguns que recusam por convicção pessoal e há outros que não o podem fazer. Eles também serão privados das suas liberdades. Não precisamos de dividir a França, para dividir os franceses. Este país deve ser reparado”, concluiu Pécresse.
As declarações de Emmanuel Macron foram proferidas numa altura em que a transformação do atual passe sanitário em passe vacinal ainda está a ser discutida na Assembleia Nacional, o que levou que as forças da oposição no parlamento francês pedissem a suspensão da sessão. As discussões têm decorrido no Parlamento numa grande confusão.