Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, os pareceres preliminares desta comissão apontam para “uma priorização do grupo etário dos 18 aos 16 anos” e “uma priorização de vacinação de crianças com comorbilidades na faixa” abaixo, entre os 15 e os 12 anos.
Questionado sobre a necessidade de avançar para a vacinação dos mais novos, Gouveia e Melo, coordenador da task force da vacinação, deixou clara a sua posição: « A DGS está a estudar o melhor caminho a seguir na vacinação de crianças, no entanto, em pandemia, nós poderemos ser atingidos pelo vírus, e não temos muita maneira de nos protegermos. A vacinação é o único processo cientificamente comprovado ».
Mas, se os políticos parecem estar decididos a avançar com a vacinação dos adolescentes, os médicos têm ainda algumas dúvidas.
« É preciso ter alguma prudência, é preciso ter algum cuidado, é preciso analisar todo o conhecimento que existe nesta matéria e depois tomar uma decisão”, afirmou há uma semana Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, recordando que as vacinas contra a covid-19 “surgiram a uma velocidade absolutamente inovadora”.
« A questão que se coloca é se é ou não é necessário vacinar as crianças com esta vacina, na medida em que a doença nas crianças, mesmo quando elas têm covid-19, é uma doença pouco grave”, afirma o bastonário.
Porém, assinalou, “as crianças são dos seres humanos que mais vacinas fazem”, o que deixa antever que esta vacina venha a integrar a vacinação infantil no futuro.
Teoricamente, a vacina não terá nas crianças um efeito muito diferente daquele que terá nos adultos”, admite Miguel Guimarães, realçando que, “quanto mais depressa” se atingir a imunidade de grupo, “melhor para todos”.
ALGUNS PAÍSES ONDE JÁ É PERMITIDA A VACINAÇÃO DOS ADOLESCENTES
A China aprovou em junho a aplicação da vacina Sinovac para maiores de 3 anos.
A Áustria pretende ter mais de 340 mil crianças com idades entre 12 e 15 anos vacinadas até o final de agosto.
A Hungria começou a vacinar jovens de 16 a 18 anos em meados de maio.
A Itália aprovou em 31 de maio a extensão do uso da vacina da Pfizer para crianças de 12 a 15 anos
A Suíça já está vacinar jovens com mais de 12 anos com a vacina da Pfizer
Israel está a vacinar jovens acima dos 12 anos desde maio.
Os EUA estão desde maio a administrar a vacina da Pfizer a jovens com mais de 12 anos
O Canadá também está a aplicar a Pfizer para as crianças dos 12 aos 15 anos.
O Japão já aprovou a vacinação para a faixa etária 12-15 anos.
O Brasil também já está a administrar a vacina da Pfizer a partir dos 12 anos.
O México permite a vacinação acima dos 12 anos com a Pfizer.
A Dinamarca começará a administrar, ainda este mês, vacinas a crianças de 12 a 15 anos.
A Espanha tenciona vacinar os jovens duas semanas antes do início do ano letivo.
PAÍSES ONDE A VACINAÇÃO DOS JOVENS É PERMITIDA COM CONDIÇÕES
A França já começou a vacinar os jovens a partir dos 12 anos, desde que tenham o consentimento dos pais.
No Reino Unido, o Comité Conjunto de Vacinação e Imunização recomendou esta semana a vacinação de crianças de 12 a 15 anos com deficiências neurológicas graves, síndrome de Down, deficiências de aprendizagem múltiplas ou graves e imunodeficiências. A vacinação de menores de 16 anos fora destes grupos é desaconselhada.
Na Alemanha, a comissão consultiva das vacinas recomendou em 10 de junho que apenas crianças e adolescentes com doenças pré-existentes deveriam receber a vacina da Pfizer.
PAÍSES ONDE A VACINAÇÃO DE CRIANÇAS AINDA NÃO FOI APROVADA
A Noruega está a considerar administrar a vacina aos jovens que corram o risco de ficar gravemente doentes com covid-19.
A Índia está neste momento a testar a vacina Covaxin para crianças a partir dos 2 anos. Os testes para administrar a vacina a partir dos 12 anos já terminaram, estando agora apenas a aguardar a sua confirmação pelas autoridades.