O projeto olímpico Paris2024 está “obsoleto, ultrapassado e alheado da realidade”, considerou o membro do Comité Olímpico Internacional (COI) Guy Drut, ex-ministro do desporto francês.
“A crise pela qual estamos a passar tem um impacto duradouro nas nossas rotinas, modo de vida, economia, pacto social e na nossa escolha de sociedade. Ela não pode e não deve deixar de afetar a necessidade urgente de nos reinventarmos. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos não são exceção a este novo contexto. Também devem ser reinventados”, defende o dirigente.
Em declarações à emissora France Info, o ex-ecampeão olímpico de 110 metros barreiras em Montreal1976 refere as implicações da pandemia da covid-19, que obrigaram a um adiamento de um ano dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, para 23 de julho a 08 de agosto de 2021.
“A resposta a essa crise pode ser limitada a uma simples mudança de datas, sem a necessidade económica e organizativa serem repensados profundamente?”, questiona o ex-ministro (1995-1997) da presidência de Jacques Chirac.
Guy Drut, de 69 anos, elogiou o “bonito projeto” que deu a vitória a Paris para os Jogos de 2024, contudo, entende que, face à atual realidade global, também marcada pela pandemia, o mesmo já está “obsoleto, ultrapassado, alheado da realidade”.
“Deixou de ser real. Se, no seu espírito, não deve ser modificado, devemos rever os meios e focarmo-nos no essencial. A primeira necessidade é a de reavaliar o orçamento do que vão custar os Jogos de 2024”, acrescenta.
O membro do COI considerou que todos os futuros Jogos Olímpicos devem ser repensados, sugerindo, para limitar os custos, reduzir o número de desportos no programa e ainda definir algumas instalações como permanentes, seja qual for o país organizador.
Como exemplo, defendeu que as provas de surf podem ser sempre no Haiti ou Havai e que as de slalom também deveriam ser fixas, “para não haver a necessidade de construir um rio artificial em cada edição”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Perto de 800 mil doentes foram considerados curados.
Alfa/AFP/Lusa.