O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, apela aos emigrantes para que, “por favor”, não regressem agora ao país e nesta Páscoa “fiquem nas terras” que os “acolheram em segurança”.
“Este vírus infernal que nos assola leva-me agora a pedir-lhes um grande sacrifício, por favor não venham”, afirmou o autarca num vídeo que gravou e colocou na terça-feira à noite nas redes sociais, numa altura em que muitos emigrantes regressam à terra natal.
Rui Santos pediu para que, nesta Páscoa, os emigrantes optem por ficar « em segurança » nos países onde residem e trabalham.
“Vocês são filhas e filhos de Vila Real espalhados pelo mundo, são gente que adoramos receber de volta na nossa casa comum. Mas a vossa vinda poderia representar um perigo, principalmente para as nossas populações mais idosas, para os vossos próprios pais e avós”, afirmou.
Localizado entre o Douro e Trás-os-Montes, este é um concelho também envelhecido e de onde muitas pessoas partiram para países com a França, Suíça, Luxemburgo, Bélgica ou Reino Unido.
Dirigindo-se diretamente aos emigrantes, o presidente apontou que “alguns estão em zonas muito afetadas e a própria viagem é altamente desaconselhada”.
“Mais do que apelar a que as forças de segurança imponham seja o que for, quero apelar-vos a vós que tomem a atitude certa e permanecem nas vossas terras de acolhimento. Quando conseguirmos vencer esta guerra contra a covid-19 cá estaremos novamente, com alegria, a dar-vos o abraço que desejam o merecem”, afirmou.
E continuou: “desta vez não venham a Vila Real na Páscoa, se Deus quiser vamos voltar a ver-nos no próximo verão”.
“Sei que preferiam estar aqui, sei que as minhas palavras não vos sossegam o coração, mas peço-vos que confiem em nós”, afirmou.
Em Vila Real, garantiu, todos estão “empenhados nesta guerra” contra a covid-19.
De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgados na terça-feira, em Vila Real contabilizam-se 121 pessoas infetadas com o novo coronavírus.
Só no Lar de Nossa Senhora das Dores, localizado no centro da cidade, foram detetados 88 utentes e funcionários com o novo coronavírus, em 99 testes realizados pelo INEM.
Após esta situação no lar, que acabou por ser evacuado, a autarquia está a criar um centro de acolhimento temporário no ex CIFOP e na residência de Codessais, edifícios cedidos pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Este centro destina-se a, em caso de necessidade, instalar utentes de equipamentos sociais, lares de idosos, serviço domiciliário das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e famílias de acolhimento.
Em Portugal, segundo o balanço feito terça-feira pela DGS, registaram-se 160 mortes e 7.443 casos de infeções confirmadas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Alfa/Lusa.