Abertura de fronteiras com Espanha dependente de evolução da pandemia, diz Marcelo. « Ambos os Estados estão atentos à evolução da situação sanitária », disse Marcelo quando questionado sobre a abertura das fronteiras com Espanha, prevista para a próxima quarta-feira.
Na próxima quarta-feira as fronteiras entre Portugal e Espanha deveriam ser reabertas. No entanto, os últimos números, de ambos os lado da fronteira, tornam possível o adiamento da medida, escreve o Expresso.
«Ninguém tem certezas absolutas sobre a evolução da pandemia. A OMS admite que há um grau de imprevisibilidade na Europa quanto à evolução da pandemia nas próximas semanas e até nos próximos meses. A Europa não tem podido chegar a acordo relativamente a critérios comuns no domínio da abertura de fronteiras », disse o Presidente da República.
« Não vale a pena estar a fazer previsões sobre essa matéria. Pode verificar-se que num dado momento haja generalização da abertura da fronteira com Espanha. Como sabem já há casos pontuais de abertura que foram ocorrendo ao longo das últimas semanas. O que há de novo é a intenção de generalizar essa abertura. Mas obviamente ambos os Estado estão atentos à evolução da situação sanitária », disse Marcelo, recusando encarar o eventual adiamento como um recuo. « Se se toma a medida adequada é sempre um avanço », concluiu.
Entretanto, a Lusa informa:
Covid-19: PR adverte que ninguém tem a certeza absoluta sobre evolução da pandemia
« Em primeiro lugar ninguém tem certeza absoluta sobre a evolução da pandemia. A Organização Mundial de Saúde admite, no caso da Europa, que há um grau de imprevisibilidade quanto à evolução da pandemia nas próximas semanas e até nos próximos meses », começou por dizer o chefe de Estado.
O Presidente da República, que falava aos jornalistas após visitar a Escola Básica e Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, marcando o fim do ano letivo, respondia à possibilidade levantada pelo Reino Unido de travar a entrada de cidadãos portugueses.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que a « Europa não tem podido chegar a acordo relativamente a critérios comuns no domínio da abertura das fronteiras » o que quer dizer que « cada Estado toma decisões que vão mudando com o tempo em função da sua visão da situação interna e da situação externa e que muitas vezes são mais complicadas do que aquilo que parece ».
O PR referiu depois que em alguns estados foi noticiado que havia limitações « de acesso de portugueses a esses estados, quando verdadeiramente o que havia era limitação de acesso a partir de alguns aeroportos, fossem portugueses ou não aqueles que viajavam e que, entretanto, foram mudadas, nalguns casos aligeiradas ».
« Portanto, as notícias que chegam todos os dias significam que, mesmo na União Europeia não há critério homogéneo, por maioria de razão, o Reino Unido, já não pertence à União Europeia, logo o estar a comentar casuisticamente implica, primeiro, olhar para a evolução dessas decisões, que em muitos casos mudam todos os dias. Em segundo lugar ter de verificar, infelizmente, que não é possível haver um critério europeu », disse.
Sobre o facto de ter ficado a saber-se hoje que o RT [número de reprodução da covid-19] em Portugal ter atingido o 1.19, o mais elevado dos 27 da União Europeia, o chefe de Estado começou por aludir à « nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros que repôs a verdade sobre uma notícia divulgada por um jornal muito prestigiado do país vizinho e que dizia que toda a Grande Lisboa estava confinada ».
« Foi esclarecido, tal como ontem [quinta-feira] já tinha sido esclarecido que se mantinha apenas o estado de calamidade num número limitado de freguesias da Grande Lisboa. Em todas as restantes havia a transição para um estado de menor gravidade, concretamente o estado de alerta », salientou.
E prosseguiu: « como sabem, o R é medido todos os dias. Na sessão epidemiológica que decorreu há dois dias o R que foi comunicado era de 1.08. Não tenho os dados do R, porque estive no Porto, do R de ontem [quinta-feira) e de hoje, que varia de dia para dia ».
Marcelo Rebelo de Sousa partiu depois para comparações externas, citando o que se passou « num país tão importante e tão experimente em matéria de saúde pública como a Alemanha » em que « houve flutuações de R de um ponto muito para 2.88 num espaço de dois dias ».
Lembrando que, depois « regressou para um ponto muito » escusou-se a comentar « aquilo que possa ser o R de hoje, que é calculado dia a dia e que dá o retrato do que tem sido nos últimos tempos, das últimas duas semanas, ligeiramente abaixo, há mais tempo, de 1 e, há duas semanas, ligeiramente acima de 1. Ligeiramente acima de 1 tem sido 1.05, 1.08, porventura poderá ter sido 1.19, mas poderá ser hoje menos ».
E conclui: « mas de qualquer caso, longe daquilo que foi na fase inicial, admitindo-se hoje que terá sido claramente acima de 2, [entre] os 2.8 e os 2.88 ».
Sobre a visita à escola, Marcelo Rebelo de Sousa « reconheceu que não foi o final de ano letivo perfeito, mas nem o podia ser nas condições em que vivemos », destacando, ainda assim, como « positivo » o « esforço para evitar ao máximo as passagens administrativas ».
Portugal contabiliza pelo menos 1.555 mortos associados à covid-19 em 40.866 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Quanto ao jornal Negócios escreve:
Marcelo lamenta inexistência de « critério europeu » para reabertura de fronteiras
Num dia em que é noticiado que o Reino Unido poderá deixar Portugal de fora das ligações aéreas que serão reabertas, o Presidente da República lamentou que não haja um « critério europeu ».
Esta foi a opinião dada pelo Presidente da República à notícia hoje avançada pela imprensa britânica de que as autoridades do país poderão decidir, na próxima segunda-feira, deixar Portugal de fora da lista dos países com os quais serão reabertas ligações aéreas.
Ou melhor, o governo chefiado por Boris Johnson planeia excluir Portugal de uma lista de 10 países encarados como seguros para que os turistas britânicos possam viajar sem necessitarem de ficar de quarentena durante 15 dias após o regresso.
« Ninguém tem certezas absolutas sobre a evolução da pandemia. A Organização Mundial de Saúde admite, nomeadamente no caso da Europa, que há um grau de imprevisibilidade quanto à evolução da pandemia nas próximas semanas, e até próximos meses », começou por notar Marcelo.
Depois, o Presidente disse que « a Europa não tem podido chegar a acordo relativamente a critérios comuns no domínio da abertura de fronteiras », pelo que « infelizmente não há um critério europeu ».
« Isso quer dizer que cada Estado toma decisões que vão mudando no tempo em função da sua visão da situação interna e da situação externa e que muitas vezes são mais complicadas do que aquilo que parece », acrescentou.
Ou seja, Marcelo considera que a incerteza é grande e que há grande discricionariedade nas decisões que vêm sendo tomadas a este respeito. Recorde-se que ontem a Noruega juntou-se ao grupo de países que mantêm Portugal na lista dos países para onde se mantêm restrições nas viagens dos seus nacionais.
Já sobre a reabertura generalizada prevista da fronteira entre Portugal e Espanha já a 1 de julho e uma eventual necessidade de medidas reforçadas de segurança, o residente em Belém defendeu que « não vale a pena estar a fazer previsões ».
« O que há de novo é a intenção de generalizar essa abertura, mas, obviamente, ambos os Estados estão, como todos os Estados, atentos à evolução da situação sanitária », disse.
O chefe de Estado aproveitou ainda para lamentar a notícia hoje publicada pelo El País, com honras de primeira página, em que é referido que « Portugal ordena o confinamento de 3 milhões de lisboetas ». Marcelo salientou como oportuno o desmentido já feito esta manhã pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma visita a uma escola no Porto a propósito do fim do período escolar.
Sobre um ano letivo que se aproxima agora do final e que decorreu de forma atípica devido à pandemia, Marcelo admitiu que « não foi perfeito » para logo a seguir sustentar ter sido « o possível ».