O qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota) é o principal favorito à vitória na 44ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno nos automóveis, enquanto nas duas rodas é a equipa Honda, gerida pelo português Ruben Faria, o alvo a abater.
Num ano em que a estreia dos modelos elétricos da Audi provoca curiosidade, até por serem pilotados pelos titulados Stéphane Peterhansel (14 vitórias) e Carlos Sainz (três), é a Toyota Hylux de Al-Attiyah, numa renovada categoria principal, agora denominada T1+, que procura uniformizar as prestações dos carros de duas e quatro rodas motrizes.
Com pneus mais altos e mais largos (37 polegadas), com maior curso de suspensão (350mm contra os 280 anteriores), os carros desta nova categoria deverão sofrer bastante menos furos do que os antecessores, fator que custou a vitória ao piloto do Qatar em 2021.
“Esse problema deverá estar resolvido”, frisa Al-Attiyah, sobre a mudança de regulamentos na corrida que arranca no sábado, em Jeddah, para terminar no dia 14 na mesma cidade da Arábia Saudita, que, pela terceira vez, acolhe a totalidade do percurso.
O espanhol Carlos Sainz é, aos 59 anos, uma das referências da prova, até pelas três vitórias já conquistadas em 2010, 2018 e 2020. Mas, este ano, o madrileno parte sem grandes ambições.
“Este projeto é um dos mais importantes em que já estive envolvido desde que comecei a correr, devido à complexidade de dar o passo para competir com um carro elétrico numa prova como o Dakar”, disse, citado pelo sítio oficial da prova na internet.
O piloto espanhol, por outro lado, acredita que, quanto à competitividade, será “difícil estabelecer um objetivo antes de começar”.
Já o francês Stéphane Peterhansel, que pensou acabar a carreira após o 14.º triunfo conquistado em 2021, mudou de ideias devido ao convite da Audi para pilotar o carro elétrico (que tem um motor a gasolina para alimentar as baterias).
“O que torna isto interessante é estar no início deste projeto e ter contribuído para a sua arquitetura”, frisou o piloto gaulês.
Nota ainda para o regresso do francês Sébastien Loeb ao Dakar, com o BRX mais desenvolvido do que no ano de estreia (2021).
Nas motas, a Honda parte com o peso de duas vitórias, com a equipa a ser gerida pelo português Ruben Faria.
“Este ano partimos como favoritos pelo que temos de estar bem preparados para tentar o ‘tri’”, frisou o algarvio, que perdeu o vencedor de 2021, o argentino Kevin Benavides (mudou-se para a KTM), mas que manteve o norte-americano Ricky Brabec (vencedor em 2020), o espanhol Joan Barreda (recordista de triunfos em etapas ainda em competição, com 27 etapas ganhas), o chileno Jose Ignacio Cornejo, tendo recebido o chileno Pablo Quintanilla, seu antigo companheiro na Husqvarna.
A KTM, que se reforçou com Benavides, manteve o britânico Sam Sunderland (vencedor em 2017), o australiano Toby Price (vencedor em 2019), o austríaco Mathias Walkner (vencedor em 2018), fazendo ainda alinhar o norte-americano Daniel Sanders (melhor estreante em 2021) com uma Gás Gás.
Ou seja, duas equipas concentram os cinco vencedores das últimas cinco edições.
Outro dos pontos de atração da prova será a estreia dos “estradistas” Carlos Checa e Danilo Petrucci.
O espanhol Carlos Checa, antigo piloto de MotoGP e campeão mundial de Superbikes em 2011, faz a estreia num Optimus MD na competição dos automóveis.
Já Petrucci teve uma transição mais mediática, pois ainda este ano compartilhava as pistas do Mundial de MotoGP com o português Miguel Oliveira.
Em 2022, o percurso do rali Dakar terá um total 8177 quilómetros, 4258 deles cronometrados, menos 500 do que na edição anterior.
O rali Dakar será o pontapé de saída de um novo campeonato do mundo, o de todo-o-terreno, que se junta aos de Fórmula 1, Ralis, Resistência, Fórmula E e Ralicrosse como campeonatos com esse estatuto.
Com Agência Lusa.