Dakar2024: Despedida da Audi e ‘dança de cadeiras’ marcam 46ª edição

Foto. Dakar 2024

Mudanças nas equipas de topo e a provável despedida da Audi após três anos de projeto híbrido marcam a 46ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, que arranca sexta-feira, num percurso maioritariamente novo.

Com Agência Lusa.

Vencedor das duas anteriores edições nos automóveis (de um total de cinco vitórias que já tem), Nasser Al-Attiyah trocou a equipa oficial Toyota por um lugar na Prodrive, estrutura que atualmente faz correr os Hunter BRX e que, a partir de 2025, assume a preparação da equipa oficial da Dacia.

Na Prodrive, o príncipe qatari, de 53 anos, encontra o francês Sébastien Loeb, um dos seus principais rivais nos últimos anos e que tem, atualmente, no Dakar o principal objetivo de carreira, depois de ter deixado os ralis, especialidade em que foi nove vezes seguidas campeão do mundo (de 2004 a 2012).

« Órfã » de Al-Attiyah, a Toyota mantém a aposta no saudita Yazeed Al-Rajhi e no sul-africano Giniel de Villiers, vencedor em 2009, tendo contratado a jovem estrela norte-americana Seth Quintero, que brilhou nos veículos ligeiros (SSV).

Já a Audi chega a esta edição mais « musculada », no terceiro ano do seu projeto híbrido com o RS Q e-Tron, que deverá despedir-se das dunas sauditas.

Como forma de compensar os 100 quilogramas de peso que os Audi têm a mais face à concorrência, a organização permitiu um aumento de 15 Kw, o que se traduz em mais 20 cavalos de potência.

Permite acompanhar os pilotos da frente sem termos de arriscar tanto”, vaticinou o veterano Carlos Sainz, que faz equipa com o francês Stéphane Peterhansel e com o alemão Mathias Ekstrom.

Perfil da prova deste ano

O aumento de potência dos Audi é uma das novidades da edição deste ano, que conta com um percurso 60% novo, novas designações das categorias e uma etapa que se disputa em dois dias, na qual a organização fornece alimentação e tendas aos pilotos, que estarão incontactáveis pelo resto do mundo e sem assistência exterior.

Ao todo, serão 7.891 quilómetros, 4.727 deles cronometrados, a disputar entre sexta-feira e 19 de janeiro, num total de 13 jornadas 8prólogo e 12 etapas).

Até às verificações, estavam inscritos 778 participantes, 135 deles estreantes, em 434 veículos – 137 motas, 10 quads, 72 ultimates (carros) e 46 camiões.

A estes juntam-se 42 veículos challenger (antigos T3) e 36 SSV (antigos T4), estando ainda inscritos 66 carros clássicos e 14 Dakar classic.

Nas motas, a armada da KTM, liderada pelo argentino Kevin Benavides, vencedor em 2023, e pelo australiano Toby Price, comparte favoritismo com os irmãos gémeos da Husqvarna (com o argentino Luciano Benavides à cabeça).

Na GasGas, outra subsidiária da KTM, pontificam o britânico Sam Sunderland e o australiano Daniel Sanders.

A principal oposição aos austríacos deverá chegar por parte da equipa Honda, gerida pelo português Ruben Faria.

O chileno Pablo Quintanilla e o norte-americano Ricky Brabec serão os chefes de fila da marca nipónica.

Nota ainda para a Hero, com os portugueses Joaquim Rodrigues Jr. e Sebastian Bühler e o piloto do Botswana Ross Branch.

Entre os veículos ligeiros, o português João Ferreira (Can Am) concentra atenções na categoria dos veículos derivados de série (SSV).

Nos protótipos, destaque para a presença do austríaco Lukas Lauda, filho do antigo tricampeão de Fórmula 1, Nikki Lauda (1975, 1977 e 1984), que fará a sua estreia no Dakar.

Ambições lusas nas duas rodas e nos SSV

As maiores ambições portuguesas na 46.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, que arranca na sexta-feira, na Arábia Saudita, estão concentradas nas categorias das motas e dos SSV, os veículos ligeiros.

Ao todo, estão inscritos 23 pilotos portugueses, sete deles nas motas, com destaque para os « oficiais » Rui Gonçalves (Sherco) e Joaquim Rodrigues Jr. (Hero).Aos 38 anos, o transmontano Rui Gonçalves ambiciona um lugar entre os 15 primeiros classificados, poucos meses depois de ter sido pai pela primeira vez.“Se fizer uma prova sem problemas, posso conseguir um resultado interessante”, disse o antigo vice-campeão mundial de motocrosse (2009), que vai para a sua quarta participação.

Por sua vez, o barcelense Joaquim Rodrigues Jr. sabe, à partida, que este será um ano difícil para as suas aspirações. O cunhado do malogrado Paulo Gonçalves (vítima de uma queda mortal na sétima etapa do Dakar2020) partiu uma perna na edição de 2023. Depois de uma longa recuperação, regressava à competição em Marrocos, em outubro, mas uma queda no « shakedown » (teste) da prova africana provocou uma fratura de uma omoplata.

Sem corridas, perdemos o ritmo”, frisou Joaquim Rodrigues Jr, à partida da sétima participação, que tem como melhor resultado o 11.º posto em 2021 e uma vitória em etapas (em 2022).

Já António Maio (Yamaha), oito vezes campeão nacional de todo-o-terreno, participou em quatro edições desde 2019 e ambiciona um lugar entre os 15 primeiros “para tentar um lugar numa equipa de fábrica”.

O militar da GNR tem como melhor resultado um 21.º lugar em 2022.

Mário Patrão (KTM), antigo campeão nacional de enduro e todo-o-terreno, volta a participar na classe Maratona, sem assistência exterior, categoria que ambiciona vencer. O piloto natural de Seia promoveu um projeto de sustentabilidade ambiental, plantando centenas de árvores na Serra da Estrela antes da partida para a edição deste ano do Dakar.

O algarvio Alexandre Azinhais (KTM) participa pela terceira vez. Empresário da restauração, fez a sua estreia em 2021 (desistiu por falha mecânica), voltou em 2022, com uma mota de enduro adaptada, e foi 69.º. Afastou-se um ano da competição para estar mais tempo com a família mas acaba por regressar agora, novamente com uma mota de rali.

Já Bruno Santos Fernandes (Husqvarna) é empresário, pai de dois filhos, piloto de enduro há 12 anos e vai cumprir a sua primeira participação no Dakar depois do quinto lugar na classe Rally 2 no Abu Dhabi Desert Challenge em 2023, com a ambição de terminar nos 25 primeiros da geral.

Nas duas rodas está ainda inscrito como português o empresário de construção civil israelita Gad Nachmani (KTM), que tem dupla nacionalidade.

Ainda nas motas vai estar presente o luso-germânico Sebastian Bühler (Hero), que compete com licença alemã mas está radicado há vários anos em Portugal, desde que os pais visitaram o país em férias, tendo já vencido o campeonato português de todo-o-terreno e por três vezes a Baja de Portalegre, de 2018 a 2020.

Sem aspirações nos automóveis

Nos automóveis, o experiente Paulo Fiúza navega o lituano Vaidotas Zala (Mini), e Gonçalo Reis o espanhol Pau Navarro (Mini). Reis participou de mota em 2017, quando foi 26.º e segundo da classe maratona. No ano passado navegou Hélder Rodrigues, que este ano não participa. José Marques navega o lituano Petrus Gintas (MO).

Nos Challenger (antigos T3), destaque para as duplas Mário Franco/Daniel Jordão (Can-Am) João Monteiro/Nuno Morais (Can-Am), a que se junta o antigo campeão nacional de todo-o-terreno, Ricardo Porém (Can-Am), navegado pelo argentino Augusto Sanz. Duas vezes campeão nacional de todo-o-terreno em automóveis, esta é a quinta participação do leiriense, que quer um lugar dentro do « top-5 ».

João Ferreira é destaque nos SSV

Nos SSV, o também leiriense João Ferreira faz dupla com o experiente Filipe Palmeiro, num Can-Am preparado pela South Racing, com ambições à vitória. Fausto Mota (que corre com licença espanhola) navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am).

A 46.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno arranca na sexta-feira, com um prólogo, em Alula, e termina no dia 19, após 12 etapas, em Yanbu.

Esta é a quinta vez consecutiva que a prova se disputa inteiramente na Arábia Saudita.

Clássicos com toque português

A versão histórica do rali Dakar de todo-o-terreno, o Dakar Classic, conta, este ano, com um toque português, já que estão inscritos cinco participantes, em três veículos, dois deles da marca lusa UMM.

Nesta categoria, que segue a caravana da prova principal, entre sexta-feira e 19 de janeiro, mas com veículos que fizeram a história da prova das décadas de 1970, 1980 e 1990, estão inscritos cerca de uma centena de participantes.Os portugueses João António Costa e Luís Miguel Calvão participam com um jipe UMM nacional, na categoria para carros históricos, que se disputa à margem da prova principal.“Sendo um apaixonado pelo todo-o-terreno, participar no Dakar foi sempre um objetivo”, disse João Costa, em declarações ao site oficial da prova.

O português, que morou vários anos nos Emirados Árabes Unidos, já participou na edição de 2022 mas não resistiu a um regresso.

O objetivo é “deixar José Megre orgulhoso, onde quer que ele esteja”, frisou, em alusão àquele que é considerado o « pai » do todo-o-terreno nacional, já falecido.

Nesta categoria participam ainda Paulo Oliveira (com licença moçambicana) e Arcélio Couto, em outro UMM. Ambos já têm experiência nas motas.

Por fim, Alexandre Freitas compete nos Camiões Clássicos, num Iveco, com Luca Macini e Marco Giannecchini.

Com Agência Lusa.
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