
O mau tempo registado à passagem da depressão Martinho pelo continente português deu origem a 5.800 ocorrências e 15 desalojados, de acordo com o mais recente balanço da Proteção Civil, que reconhece tratar-se de um número « acima da média ».
O registo diz respeito ao período entre as 00:00 de quarta-feira e as 11:00 de hoje, com destaque para a queda de árvores, tendo-se verificado ainda algumas inundações.
Segundo o balanço feito por Alexandre Penha, adjunto de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), 15 pessoas ficaram desalojadas e 13 tiveram de ser deslocadas, em resultado da passagem da depressão Martinho, que motivou um aviso meteorológico laranja (o segundo nível mais grave, numa escala de três) para vento e chuva durante a noite, em vários distritos. Mantêm-se ativos avisos amarelos para vento, chuva e agitação marítima durante o dia de hoje.
“Não posso falar de recordes […], mas posso dizer que é uma situação que ultrapassa a média de ocorrências para um fenómeno deste tipo”, assinalou o adjunto de operações na sede da ANEPC, no concelho de Oeiras (distrito de Lisboa).
« Nesta altura é difícil ter um quantitativo de todos [os meios mobilizados], porque estamos a falar de diversas entidades, (…) mas [estarão] acima dos milhares », estimou.
A maior incidência de ocorrências registou-se na área da Grande Lisboa, com 35%, seguindo-se Setúbal, com 10%, e depois Porto e Coimbra, ambas acima das 300 ocorrências, especificou Alexandre Penha.
O cenário de chuva e vento forte vai manter-se nos próximos dias, pelo menos até sábado, realçou, admitindo que possa haver “algum desagravamento”, mas não descartando “fenómenos de vento extremo”, especialmente no litoral e nas zonas Centro e Sul do país.
“A agitação marítima vai manter-se permanente”, assinalou, apelando à população para que tenha cuidado e se afaste do mar.
O aumento do caudal dos rios e das bacias hidrográficas – sobretudo as do Tejo, Mondego e Guadiana – poderá resultar em inundações e cheias, acrescentou, prevendo ainda a queda de neve abaixo da área mais habitual da serra da Estrela.
A Proteção Civil pede à população para que evite deslocações e “riscos desnecessários”, reforce a fixação de objetos soltos e limpe os sistemas de drenagem da água.
No balanço feito à comunicação social, não foram indicados feridos da depressão Martinho além dos já reportados anteriormente: na noite de quarta-feira a Proteção Civil deu conta de uma pessoa ferida com gravidade em Sintra (distrito de Lisboa) devido à queda de uma árvore durante a tarde e hoje de manhã o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu seis feridos ligeiros, entre agentes policiais e de proteção civil e civis.
Registadas 920 ocorrências na cidade de Lisboa sobretudo queda de árvores
A cidade de Lisboa contabilizou 920 ocorrências, entre as 21:00 de quarta-feira e as 16:00 de hoje, devido à passagem da depressão Martinho, sendo que a maioria está associada a queda de árvores, com 433 situações.
Num novo balanço sobre os efeitos das condições meteorológicas adversas na capital, a Câmara de Lisboa informou que, pelas 16:00, se encontravam ativas 358 das 920 ocorrências registadas, sublinhando que as restantes 562 ocorrências estavam já fechadas.
Segundo os dados enviados à agência Lusa, a maioria das ocorrências está relacionada com queda de árvores (433), queda de estruturas (285) e queda de revestimentos (169).
A Câmara de Lisboa tem ainda registo de inundações (18), acidentes rodoviários (oito) e apoio à população (sete).
O total de 920 ocorrências na cidade de Lisboa, entre as 21:00 de quarta-feira e as 16:00 de hoje, corresponde à soma dos dados registados pelo Serviço Municipal de Proteção Civil, pelo Regimento de Sapadores Bombeiros e pela Polícia Municipal.
Relativamente à distribuição destas ocorrências pelas 24 freguesias lisboetas, a maioria foi em Alvalade (75), Olivais (72), Marvila (60), Benfica (59), Penha de França (59), São Domingos de Benfica (50), Santa Maria Maior (47), Lumiar (46), Belém (44) e Arroios (40).
As restantes freguesias também registaram situações, nomeadamente a Ajuda (31), Areeiro (31), Avenidas Novas (31), Campo de Ourique (29), Campolide (27), São Vicente (27), Estrela (26), Santo António (26), Alcântara (25), Beato (25), Carnide (23), Misericórdia (20), Parque das Nações (19) e Santa Clara (18), segundo os dados disponibilizados pela autarquia.
Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a passagem da depressão Martinho em Portugal continental provocou um total de 5.800 ocorrências entre as 00:00 de quarta-feira e as 11:00 de hoje, sobretudo queda de árvores, mas também incêndios rurais no Alto Minho, num contexto de ventos muito fortes.
Com Agência Lusa.