Dinheiro. Portugueses no estrangeiro. Lá fora, a pensar em casa

Lá fora, a pensar em casa. TODOS OS MESES, MILHÕES DE PORTUGUESES A VIVER FORA DO PAÍS TRANSFEREM DINHEIRO PARA CASA. SOMOS O PAÍS DA UE QUE MAIS REMESSAS DE EMIGRANTES RECEBE, SEJA PARA DESPESAS CORRENTES, PARA AJUDAR A FAMÍLIA OU PARA AMEALHAR PARA O FUTURO

Alfa/Expresso. TEXTO TIAGO SOARES INFOGRAFIA CARLOS ESTEVES. (Para ler na totalidade e em versão original em expresso.pt)

Raquel Bertolo chegou há dois meses a Tilburg, na Holanda. “Vim à procura de uma vida melhor. Em Portugal trabalhava há 20 anos numa empresa a receber pouco mais do que o [salário] mínimo, por isso decidi vir com o meu companheiro. Arrisquei.” Até agora está tudo a correr bem, mas isso não faz com que a vida em Portugal desapareça de um dia para o outro: todos os meses Raquel põe de lado 500 euros do seu ordenado e envia a quantia para os filhos, que ficaram em Portugal com o pai.

Segundo a ONU, Portugal tem mais de 2,6 milhões dos seus cidadãos espalhados pelo mundo, sendo que a maior parte está na Europa e um terço na América do Norte. Para Raquel, visitar os filhos e restante família todos os meses não é exequível, mas enviar dinheiro para ajudar nas despesas é o mínimo que pode fazer para encurtar a distância. O mesmo se passa com muitos dos portugueses emigrados. Um estudo publicado pelo Eurostat mostra que Portugal é o país da União Europeia que recebe as maiores remessas de dinheiro vindas dos seus cidadãos no estrangeiro: em 2018, este valor atingiu os €3,6 mil milhões, uma quantia bastante superior ao dinheiro que os estrangeiros em Portugal enviaram para os seus países de origem durante o mesmo período: €533 milhões, dos quais €96 milhões para dentro da UE.

“Nos últimos cinco anos o valor das remessas tem vindo a aumentar anualmente e nunca esteve abaixo dos €3 mil milhões”, diz ao Expresso Inês Vidigal, do Observatório da Emigração (OdE), destacando também que “o valor das remessas entradas em Portugal não era tão elevado desde 2001”, ano em que foram enviados mais de €3,73 mil milhões. No relatório sobre as remessas portuguesas referente a 2018, escrito por Inês Vidigal com base em dados do Banco de Portugal, mostra-se que 90% das remessas totais são provenientes de apenas dez países: além de França e Suíça, estão na lista o Reino Unido, Estados Unidos da América, Alemanha, Angola, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, e Holanda.

Segundo a Pordata, que traça o histórico dos montantes recebidos desde 1996, França é o país de onde consistentemente mais dinheiro entra em Portugal — em 2018 foram mais de €1,13 mil milhões — à qual se segue a Suíça, cujas remessas enviadas têm crescido sempre desde 2003 (no ano passado foram praticamente €900 milhões).

(continue a ler em expresso.pt)

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