Dono da Altice tem 7 milhões para receber do BES mas recuperação é difícil

Comissão liquidatária reconhece Patrick Drahi como credor do BES. Há 7 milhões por devolver. Mas ausência de privilégio do crédito dificulta recuperação

 

Patrick Drahi, presidente-executivo da Altice

PHILIPPE WOJAZER / REUTERS

Alfa/Expresso. Por Diogo Cavaleiro

O dono da Altice, Patrick Drahi, viu ser-lhe reconhecido um crédito de 7,1 milhões de euros na liquidação do Banco Espírito Santo. Contudo, este crédito não tem prioridade na recuperação, pelo que será difícil a Drahi ser ressarcido.

Segundo a relação de créditos reconhecidos, Patrick Drahi surge com um montante reconhecido de 7.114.040,14 euros ou 7,1 milhões de euros. É um crédito subordinado, pelo que, na hierarquia de credores, só é reembolsado depois de todos os créditos comuns. E, no caso do BES, há 2,2 mil milhões de euros de créditos comuns na linha da frente da recuperação.

Sendo assim, o líder da Altice, dona dos ativos operacionais da Portugal Telecom (Meo), tem uma possibilidade de ressarcimento limitada, não só devido à natureza subordinada dos seus créditos como pela dimensão expressiva dos créditos comuns, que têm direito a serem ressarcidos antes dos subordinados.

Deste montante reconhecido ao gestor com passaporte israelita e residência fiscal na Suíça, 5,9 milhões de euros correspondem a capital, sendo que os restantes 1,2 milhões devem-se a juros associados à aplicação.

O “Jornal de Negócios” tinha já noticiado, em julho de 2017, que o nome de Drahi se encontrava na lista de reclamações de créditos junto do BES, sendo que só na semana passada foi divulgada o elenco dos créditos reconhecidos. E é aí que surge o seu nome. Segundo o jornal, em causa estava o investimento em obrigações emitidas pelo Grupo BES, feito a título particular e sem qualquer relação com a Altice.

Foram feitas 32,5 mil reclamações junto do BES, sendo que foram reconhecidos créditos de 5,06 mil milhões de euros. Destes, 2,22 mil milhões são relativos a créditos seniores e 2,84 mil milhões a créditos subordinados. Os créditos comuns podem custar 700 milhões de euros ao Estado, através do Fundo de Resolução, como noticiou o Expresso.

As perspetivas de recuperação do BES são limitadas. O ativo do BES representa 2,85% de todo o passivo, ao fecho de 2018.

A Altice é a dona dos ativos operacionais da antiga Portugal Telecom desde 2015, quando fez a aquisição à brasileira Oi. A PT caiu na sequência da derrocada do Grupo Espírito Santo, onde tinha investido 897 milhões em títulos de dívida de empresas insolventes.

O Expresso aguarda respostas da Altice sobre o tema.

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