Duas noites de grave violência urbana na zona de Lisboa após morte de homem baleado pela PSP

Um autocarro arde após moradores do bairro do Zambujal terem protestado em reação à morte de um homem por um agente da polícia na segunda-feira, na Amadora, 22 de outubro de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Alfa/Lisboa

Onda de violência, com confrontos e incêndios de autocarros e mobiliário urbano em vários bairros da zona de Lisboa, continuou na noite de terça para quarta-feira.

Os incidentes estenderam-se a Carnaxide, Sintra, Amadora, Oeiras, Odivelas e outros bairros da região de capital após a morte de um homem, que estaria armado com uma faca, baleado pela polícia. 

O clima era esta madrugada de grande tensão e de caos em certas zonas em redor de Lisboa onde se ouviram tiros com alguma frequência.

Uma viatura arde no bairro do Casal da Mira, Amadora em protestos em reação à morte de um homem por um agente da polícia na segunda-feira, na Amadora, 23 de outubro de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Tudo começou quando Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, citada pela agência Lusa, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram “dois tiros num trabalhador desarmado”.

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

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