Ontem, pelo 14º sábado consecutivo, a violência voltou a marcar diversas manifestações dos “coletes amarelos” em Paris e noutras cidades francesas.
Mas, neste domingo, em vez da pancadaria habitual, das bombas, das correrias, dos gases lacrimogéneos, das bastonadas e pedradas, dos feridos e dos detidos, tudo decorria, até meio da tarde, num ambiente de paz e de sossego, quase de espantosa concórdia.
De facto, em relação aos 14 desfiles anteriores, o que se viu hoje em Paris até às 17h locais (menos uma hora em Lisboa) foi um autêntico “paz e amor”, parecia que a cidade tinha de repente voltado a um tempo anterior, ao da eterna cidade rezingona, mas também, sobretudo, à sua bela imagem de “cidade do amor”.
Os idosos voltaram aos desfiles de Paris (há três concentrações na capital para comemorar o aniversário), onde até se viam famílias inteiras com três gerações – avôs, pais e crianças – a gritarem palavras de ordem contra o Governo e o Presidente Emmanuel Macron.
Até às 17h, a tensão era visível, mas essa impressão devia-se à forte presença de milhares de polícias antimotim nos quarteirões mais sensíveis da capital.
No entanto, apesar dos agentes superarmados e das suas imponentes viaturas, a essa hora, junto à Torre Eiffel ou na praça da República, o Sol brilhava, a temperatura era de 15º, a cidade estava lindíssima e viam-se até turistas japonesas a tirar fotografias com “coletes amarelos”.
Nalguns locais, só faltava um bolo com velas acesas. De vez em quando, as dezenas de manifestantes que estavam na praça da República deixavam de pedir a demissão de Macron e entoavam em coro: “Feliz aniversário. coletes”. Até ao próximo sábado?