Eleições regionais em França. Marine le Pen estagna, direita sobe, Macron perde
Nas eleições regionais e departamentais francesas deste domingo e do próximo (duas voltas), os franceses estão a revelar que estão muito cansados
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Adaptação de um artigo de Daniel Ribeiro, no Expresso
A abstenção gigantesca (estimada em muito perto de 70%) sublinha isso e também que ninguém no país realmente compreende a atual organização territorial e política, apesar de ela ser, no entanto, histórica e quase “medieval” – com Regiões, Departamentos, Cantões, Municípios, Senado, Assembleia Nacional e Presidência da República todas elas hoje ainda instituições eleitas em escrutínios diretos.
Mas há um resultado a sublinhar na primeira volta de hoje: os nacionalistas do partido de Marine le Pen podem ainda pensar na conquista do centro do poder em Paris – visavam claramente o Eliseu na primavera de 2022 – mas o seu papel de principal força da oposição ao Presidente Emmanuel Macron é hoje mais fraco.
A direita (Os Republicanos – LR, e os seus aliados) ultrapassou le Pen em diversas regiões importantes. Tendo em conta as suas expetativas elevadas, para o Ajuntamento Nacional (RN – de Marine le Pen), os resultados podem ser vistos como dececionantes.
Eleitores cansados, Macron em dificuldades
Os eleitores franceses revelaram hoje que estão esgotados devido à pandemia da Covid, cansados das violentas crises sociais dos últimos anos, cansados de tudo e do modo como se faz política no seu país. Porém, alguns franceses foram apesar de tudo votar na primeira volta de hoje (mas poucos, um pouco mais de 30%, segundo as estimativas). Mas não escolheram claramente a extrema-direita na maior parte das regiões.
Os resultados apenas serão definitivos no próximo domingo, depois das negociações que começam já esta noite entre os diversos partidos para estabelecerem alianças para a segunda volta e, para, nalgumas regiões, tentarem impedir a extrema-direita de chegar ao poder em certas regiões, designadamente no sudeste do País.
Foram votações regionais e departamentais em todo o território com, muitas vezes, coligações sem etiquetas partidárias claras desde a primeira volta pelo que, leituras nacionais políticas seguras sobre a votação dos diversos partidos, a nível nacional, são complicadas de fazer neste momento.
Antes do voto decisivo do próximo domingo, apenas a direita clássica (Os Republicanos e associados) canta uma relativa vitória em França esta noite, por ter impedido o partido de Marine le Pen de chegar com grande destaque à frente da votação em diversas regiões importantes do país – do Sul, ao Centro e ao Norte.
Macron perde
Para Marine le Pen, estas eleições eram vistas desde o princípio como um trampolim para as presidenciais de 2022.
Mas, depois dos resultados relativamente dececionantes de hoje, para ela, algumas das suas boas votações nesta primeira volta não significam que as vencerá porque, nessa altura, terá também de enfrentar certamente uma “Frente Republicana” que escolherá votar noutro candidato “democrático”, mesmo que ele não se chame Emmanuel Macron.
Porque o partido LREM (República Em Marcha), do atual Presidente, é um dos grandes perdedores destas regionais e departamentais, cujos resultados podem abrir perspetivas a outros candidatos (designadamente da direita) às presidenciais marcadas para menos de dentro de um ano.