PR Marcelo afirma que Carlos Moedas é um dos políticos “mais sofisticados da cena nacional”. Na apresentação do livro do « maire » de Lisboa, « Liderar com as Pessoas », o Presidente Marcelo deu a entender que ele tem ambições políticas elevadas e comentou deste modo a escolha de Emmanuel Macron para prefaciador: « … onde para o poeta é o firmamento, para o engenheiro Carlos Moedas é Emmanuel Macron »
O Presidente da República considerou ontem que o autarca social-democrata que lidera da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, é « um dos políticos mais sofisticados da cena nacional » e disse esperar « viver o suficiente » para ver o seu futuro.
O chefe de Estado falava na cerimónia de apresentação do livro de Carlos Moedas intitulado « Liderar com as Pessoas », na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Marcelo defendeu que no país existem « duas tradições muito diferentes: uma tradição de ligação às raízes e uma tradição muito forte de estrangeirados », considerando que « uns e outros foram importantes para saltos da História de Portugal ».
« O que eu penso que é uma característica muito específica do engenheiro Carlos Moedas é que faz a fusão entre as duas tradições. Começou na ligação às raízes, depois transformou-se num estrangeirado, e regressou às raízes. E funde as duas realidades, o que é muito raro na política portuguesa », considerou o Presidente da República sobre o antigo comissário europeu.
Marcelo continuou, dizendo que Carlos Moedas faz « uma síntese muito rara na cena política atual entre estas duas linhagens » e concluiu: « Isso torna-o um político dos mais sofisticados da cena nacional ».
O chefe de Estado elogiou « a rapidez » com que Moedas « conheceu ou aprendeu Lisboa » sem esquecer « o mundo e a Europa ».
« Dará certo em todos os planos da sua atividade no presente e no futuro? Eu espero viver o suficiente para ver como é que se desdobra essa proficiência na fusão das duas linhagens », confessou.
Numa sala repleta de figuras da direita nacional, desde o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, a ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, o antigo primeiro-ministro e fundador social-democrata Francisco Pinto Balsemão, e vários ministros do atual governo minoritário PSD/CDS-PP, Marcelo lembrou que há poucos dias esteve na mesma sala na apresentação do livro de memórias do histórico socialista Manuel Alegre.
« Estive aqui no lançamento do livro do Manuel Alegre e pensei que isto é o 25 de Abril, é a liberdade e a democracia, porque na altura a sala estava cheia, cheia, cheia de esquerda agora está cheia, cheia, cheia de direita », notou, tendo sido aplaudido pelos presentes.
Marcelo considerou que estão em causa dois livros diferentes.
« O livro de Manuel Alegre era um livro de memórias de toda uma vida. Ainda terá muito para viver, mas é já uma longuíssima vida. E tratava-se de coroar uma carreira », salientou.
No caso do livro de Carlos Moedas, Marcelo afirmou que « certamente não é a coroação de uma carreira ».
« E eu no momento em que estava com Manuel Alegre tinha a exata noção de qual era a meta futura – e Deus queira que longínqua – para um poeta, que é o firmamento. Para o engenheiro Carlos Moedas ainda está longe o firmamento, mas está relativamente próxima uma meta, ainda que longínqua, e isso é visível na escolha do prefaciador Emmanuel Macron [presidente francês] », sublinhou.
Marcelo apontou que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, « não foi escolher nenhum grande autarca francês, nem nenhuma figura do urbanismo ou dessas realidades mais ou menos sofisticadas, mesmo cosmopolitas » para prefaciar o seu livro, « foi nem mais nem menos escolher um chefe de Estado europeu ».
« Portanto ficamos a saber: onde para o poeta é o firmamento, para o engenheiro Carlos Moedas é Emmanuel Macron », sugeriu.
Momentos antes, na apresentação do livro, o presidente da autarquia da capital, Carlos Moedas, foi entrevistado pelo jornalista e comentador Sebastião Bugalho.
Interrogado sobre se defende que a forma de impedir extremos políticos é integrá-los nas instituições, Moedas rejeitou esta hipótese.
“Penso que historicamente isso nunca funcionou muito bem. Ao incluirmos os extremos os extremos comem-nos”, defendeu.
Moedas afirmou que tem medo “da extrema-esquerda e da extrema-direita” e considerou que “hoje o mais difícil é ser um político moderado”.
Sobre a governação de Pedro Passos Coelho, nomeadamente no período da ‘troika’, no qual assumiu funções como secretário de Estado Adjunto do então primeiro-ministro, Moedas salientou que “foi um momento muito, muito duro”.
Na opinião de Carlos Moedas, “não poderia ter havido outro governo a fazer aquilo naquela altura, nem a ter a capacidade que Passos Coelho teve”.
Anteriormente, Carlos Moedas explicara porque escolheu o presidente francês, Emmanuel Macron, para fazer o prefácio do livro. Disse rever-se em Macron, um político, que trabalha para as pessoas.
Alfa/ com Lusa (adaptação Alfa)