Ensino do Português no Estrangeiro vai ter mais alunos, professores e computadores – MNE
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, falava aos jornalistas no final da cerimónia de abertura do sexto encontro da rede EPE, que decorre hoje em Lisboa, com o tema “cultura portuguesa e a interculturalidade”.
Para o ano letivo 2021/2022, está previsto “um pequeno aumento no ensino básico e secundário, com 320 horários disponíveis”. São mais de 1.000 escolas em 750 localidades diferentes que serão cobertas por professores afetos ao instituto Camões, disse.
O Governo continuará a apoiar a “chamada rede paralela (escolas que beneficiam do apoio do Camões) e, no ensino superior, haverá um crescimento do número de cátedras e de centros de língua portuguesa e a consolidação dos leitorados e dos protocolos com instituições do ensino superior”, prosseguiu.
Segundo Augusto Santos Silva, o “grande avanço” que marcará o próximo ano letivo será “uma espécie de atualização sistemática da rede de EPE – básico, secundário e superior – , com tecnologias e equipamentos digitais que passam por um programa de distribuição maciça de pequenos computadores por alunos e pelos professores », com os respetivos programas educativos, e pela digitalização sistemática do acervo do Camões com interesse cultural ou pedagógico, para ficar disponível a todos em quáquer ponto do mundo a qualquer hora”.
“Vamos também equipar sistematicamente todos os centros culturais portugueses no estrangeiro e os centros de língua portuguesa, com sistemas de tradução e sistemas informáticos que modernizem esses nossos equipamentos e facilitem o acesso à cultura e aos materiais pedagógicos e educativos”, adiantou o ministro.
O objetivo do Governo é, segundo Santos Silva, proporcionar “uma distribuição generalizada, que todos os professores disponham de equipamentos informáticos necessários – não é apenas o equipamento, são os conteúdos educativos, didáticos e pedagógicos” e que junto dos estudantes exista uma distribuição maciça destes materiais: computadores e conteúdos.
Para esta iniciativa, que decorrerá nos dois próximos anos letivos, está prevista uma verba de 23 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência (PPR).
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, disse à agência Lusa que o executivo não quer deixar “cair a experiência do digital”, porque “vai ser também um instrumento que pode responder a alguns problemas, mas sempre como complemento” do ensino presencial.
Berta Nunes disse que o próximo ano letivo terá um “aumento de alunos em quase todos os países”, acompanhado de um “reforço do número de professores onde há uma maior procura” do ensino da língua portuguesa.
“A perspetiva é positiva”, afirmou, acrescentando: “Temos agora mais instrumentos, não só para fazer a transição digital e para aproveitar as possibilidades das tecnologias, como vamos continuar a reforçar o número de professores”.
Para já, assiste-se a “uma retoma” da procura deste ensino, após um “congelamento” proporcionado pela pandemia e pelas dificuldades das aulas presenciais.
Por seu lado, o presidente do Camões, instituto responsável pela rede EPE, reconheceu que, “apesar das perspetivas positivas que se apresentam para o próximo ano letivo, mantêm-se os cenários de alguma incerteza e complexidade”.
Cenários que, na opinião de João Ribeiro de Almeida, “vêm reforçar a importância da aposta feita pelo Camões nos processos de digitalização do ensino e aprendizagem, que se prevê aprofundar no curto e médio prazo, criando as condições para uma alteração, a médio prazo, até do próprio paradigma educativo do EPE”.
No último ano letivo (2020/2021), a rede EPE tinha uma presença ao nível do ensino superior, em universidades estrangeiras e organismos internacionais, através da colocação de 51 leitores, funcionando 63 leitorados e estando estabelecidos 299 Protocolos de Apoio à Docência e Investigação.