Equipa da OMS desloca-se à China para investigar coronavírus. Balanço é de 910 mortos

Equipa da OMS desloca-se à China para investigar coronavírus. Balanço atualizado na manhã de segunda- feira: 910 mortos

Foto TATIANA LAGES/LUSA

O Ministério britânico da Saúde declarou esta segunda-feira que a nova epidemia constitui “uma ameaça séria e iminente para a saúde pública”. Cerca de 60 novos casos foram confirmados no Diamond Princess, o navio que se encontra atracado a sul de Tóquio. O diretor-geral da OMS alertou que “podemos estar a ver apenas a ponta do icebergue”.

Alfa/Expresso. Por Hélder Gomes

O número de mortos associados ao coronavírus atingiu este domingo um novo recorde, com 97 óbitos registados num só dia na China continental. O total de vítimas mortais é agora de 910, incluindo um morto nas Filipinas e outro em Hong Kong, segundo anunciou a Comissão Nacional de Saúde chinesa.

No fim de semana, um americano hospitalizado em Wuhan, epicentro do vírus, tornou-se a primeira vítima não chinesa da doença. Um japonês que também morreu naquela cidade terá sido a segunda.

Em 40.554 casos confirmados em todo o mundo, o coronavírus espalhou-se a pelo menos 27 países e territórios, de acordo com uma contagem da agência Reuters baseada em dados oficiais.

O Ministério da Saúde do Reino Unido declarou esta segunda-feira que a nova epidemia constitui “uma ameaça séria e iminente para a saúde pública”, uma medida que dá ao Governo britânico poderes adicionais para combater a propagação do vírus.

Cerca de 60 novos casos foram entretanto confirmados no navio de cruzeiros Diamond Princess, de acordo com a televisão japonesa. O novo balanço eleva para 130 o número de casos no navio que se encontra atracado em Yokohama, a sul de Tóquio.

COMPOSIÇÃO DE EQUIPA DA OMS NÃO FOI ANUNCIADA

Uma equipa de especialistas internacionais, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dirige-se a Pequim para ajudar a investigar a epidemia.

No final de janeiro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acordou com as autoridades chinesas o envio de uma missão internacional. Mas foram necessárias quase duas semanas para ter a aprovação do Governo chinês sobre a sua composição, que não foi anunciada. Sabe-se apenas que Bruce Aylward, um epidemiologista canadiano e especialista da OMS em emergências, lidera a equipa.

Ghebreyesus alertou este domingo no Twitter que “podemos estar a ver apenas a ponta do icebergue” no que diz respeito à propagação do vírus. “A deteção de um pequeno número de casos” no resto do mundo “pode indicar uma transmissão mais abrangente noutros países” fora da China.

O diretor-geral da OMS acrescentou que há “alguns casos preocupantes” da propagação do vírus a partir de pessoas “sem histórico de viagens à China”. Ghebreyesus reiterou que “todos os países devem usar esta janela de oportunidade criada pela estratégia de contenção para se prepararem para a possível chegada do vírus”, apelando a que todos partilhem o que sabem “em tempo real com a OMS”.

Esta agência das Nações Unidas declarou o surto uma situação de emergência de saúde pública internacional a 30 de janeiro, dias depois de o Governo central de Pequim ter imposto uma quarentena que afeta atualmente cerca de 60 milhões de pessoas.

RESTRIÇÕES AO MOVIMENTO DE PESSOAS CONTINUAM

Os trabalhadores começaram esta segunda-feira a voltar aos escritórios e às fábricas na China com o levantamento de algumas restrições previamente impostas pelas autoridades.

A província de Hubei, que fica no centro do país e cuja capital é o epicentro da epidemia, continua a ser a mais afetada e mantém-se isolada, com estradas, estações ferroviárias e aeroportos fechados.

As escolas em muitas regiões da China continuarão fechadas até ao final de fevereiro. As restrições à entrada e saída de zonas residenciais continuam em vigor em muitas cidades.

CORONAVÍRUS ULTRAPASSA NÚMERO DE MORTOS DA SARS

O balanço do novo coronavírus ultrapassou já o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 provocou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China continental e em Hong Kong.

O número de casos detetados na Europa chegou este domingo a 39, com duas novas infeções confirmadas em Espanha e no Reino Unido.

A OMS indicou no sábado que os casos de contágio revelados diariamente na China estão a estabilizar, mas sublinhou ser ainda cedo para concluir que a epidemia atingiu o seu pico.

Article précédentDezenas de filmes portugueses – « Lisboa » – para ver no centro de Paris. Crónica
Article suivant“MAINTENANT ET A L’HEURE DE NOTRE MORT” – O Livro da Semana