PORTUGAL: famílias com fracos recursos demoram 125 anos até que os seus descendentes consigam alcançar um salário médio

Filho de pobre tem dificuldade em chegar a rico em Portugal

Portugal surge como aquele onde a “mobilidade medida em termos de educação é menor” e 24% dos filhos de pais com baixos rendimentos acabam por ter baixos rendimentos enquanto 39% das crianças cujos pais têm rendimentos elevados crescem para ter o mesmo futuro, segundo indica o relatório da (OCDE) sobre mobilidade social .

Alfa/Expresso

A condição económica transmite-se “fortemente” de geração em geração, de tal modo que o filho de um pobre tem dificuldade em chegar a rico em Portugal. As conclusões constam de um estudo da OCDE, onde se mostra que uma família portuguesa de fracos recursos socioeconómicos pode demorar 125 anos até que os seus descendentes consigam alcançar um salário médio.

Segundo o trabalho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), “tendo em conta a mobilidade de rendimentos de uma geração para a seguinte, bem como o nível de desigualdade salarial em Portugal, pode demorar cinco gerações para que as crianças de uma família na base da distribuição de rendimentos consigam um salário médio », lê-se na avaliação sobre Portugal.

Os dados da OCDE mostram que em Portugal, 33% das pessoas concordam que a educação dos pais é importante para ser bem-sucedido na vida, uma percentagem ligeiramente inferior à média da OCDE, com 37%, ao mesmo tempo que muitos se revelaram pessimistas sobre as suas hipóteses de melhorarem a sua situação financeira.

« Apenas uma minoria (17%) esperava em 2015 que a sua situação económica melhorasse no ano seguinte e há uma preocupação em relação ao futuro dos descendentes », diz a OCDE.

A instituição acrescenta que já em 2018 realizou um inquérito, « Riscos que contam », em que 58% dos pais portugueses colocaram no top três das suas preocupações o risco dos filhos não alcançarem o nível económico e de conforto que eles já têm.

Na comparação com os restantes países analisados (Austrália, Brasil, Chile, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, México, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos), Portugal surge como aquele onde a « mobilidade medida em termos de educação é menor ».

« Apesar das várias reformas para combater o absentismo escolar e reduzir o abandono escolar precoce, as hipóteses dos mais jovens terem uma carreira de sucesso depende fortemente da sua origem socioeconómica ou do nível de capital humano dos pais », lê-se no relatório.

A mobilidade social não é distribuída uniformemente ao longo das gerações e em Portugal 24% dos filhos de pais com baixos rendimentos acabam também por ter baixos rendimentos. No lado oposto, 39% das crianças cujos pais têm rendimentos elevados crescem para também elas terem rendimentos elevados.

Por outro lado, relativamente ao tipo de ocupação, 55% das crianças filhas de pais trabalhadores manuais acabam com a mesma ocupação dos pais, contra 37% da média da OCDE. Ao mesmo tempo, os filhos de gestores têm cinco vezes mais probabilidades de serem também gestores.

Olhando para a mobilidade ao longo da vida, o fenómeno em Portugal é igualmente limitado, particularmente na base e no topo, sendo que entre os que estão nos 20% com rendimentos mais baixos há poucas hipóteses de subirem durante quatro anos e 67% acabam por nunca sair.

« No topo, a persistência é ainda maior e 69% dos 20% com rendimentos mais altos ficam lá durante um período de quatro anos », diz a OCDE.

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