Estudo conclui que cigarros eletrónicos são eficazes para quem quer deixar de fumar

Ainda que o grau de sucesso registado não ultrapasse os 18%, a percentagem é duas vezes superior à dos outros recursos habitualmente usados para abandonar o tabaco. Pesquisa foi realizada na Grã-Bretanha e publicada no “New England Journal of Medicine”

SEAN GALLUP

Alfa/Expresso – por Mafalda Ganhão

Sim, os cigarros eletrónicos ajudam os seus utilizadores a deixar de fumar. A conclusão consta de um estudo publicado esta quarta-feira no “New England Journal of Medicine” e, ainda que os resultados apresentados falem de um grau de sucesso que à primeira vista não impressiona – 18% -, os investigadores apontam que esta é uma alternativa duas vezes mais eficaz do que outros recursos habitualmente usados para abandonar o tabaco.

A pesquisa foi realizada na Grã-Bretanha e financiada pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde e Investigação do Cancro do Reino Unido (National Institute for Health Research and Cancer Research UK, no original). No total, 886 fumadores foram acompanhados durante mais de um ano, aleatoriamente designados para usar cigarros eletrónicos ou terapias tradicionais de reposição de nicotina. Os elementos dos dois grupos participaram, também, em pelo menos quatro sessões semanais de aconselhamento, explica o “The New York Times”.

Atendendo às críticas que os fabricantes dos cigarros eletrónicos têm recebido – nomeadamente acusações de que são nocivos – este é um estudo que pode ter impacto, consideram os especialistas.

Porquê? Ao ficar registado que o grau de sucesso dos cigarros eletrónicos ultrapassa aquele que é alcançado pelos produtos habitualmente usados como substitutos de nicotina (como emplastros ou pastilhas), as entidades reguladoras que em vários países, incluindo os Estados Unidos, não os aprovaram comercialmente como método para deixar de fumar podem ter de rever essa apreciação.

“Os profissionais de saúde têm resistido a recomendar a sua utilização, dada a falta de provas” em relação ao seu sucesso, disse Peter Hajek, principal autor do estudo e professor de psicologia clínica na Universidade Queen Mary de Londres. “Agora, é provável que isso mude”, acrescentou, citado pelo “The New York Times”.

O tabagismo e as doenças que lhe estão associadas são a a causa de morte para seis milhões de pessoas em todo o mundo, anualmente. No caso dos cigarros eletrónicos, são fonte de nicotina, mas sem o alcatrão tóxico e cancerígeno que está presente nos cigarros tradicionais.

Este ensaio clínico decorreu entre maio de 2015 e fevereiro de 2018. Os participantes, de meia-idade, fumavam entre meio maço e um maço por dia e já tinham tentado abandonar o hábito. Todos foram selecionados em clínicas, pelo que a sua predisposição para deixar fumar é sublinhada como um elemento que pode ter interferido ligeiramente nos resultados.

Os utilizadores dos cigarros eletrónicos receberam um kit inicial com um dispositivo recarregável e uma garrafa de nicotina com 18 miligramas por mililitro e sabor a tabaco – o produto mais comum em Inglaterra. Após terminarem a primeira garrafa, eram livres de escolher o sabor e a percentagem de nicotina das seguintes.

Já os participantes que usaram terapias de reposição de nicotina, puderam escolher entre uma variedade de produtos, incluindo os pensos, pastilhas e os ‘sprays’ nasais. Foram inclusivamente encorajados a combiná-los.

Para garantirem a exatidão dos resultados, os investigadores foram medindo as quantidades de monóxido de carbono na respiração dos participantes, já que nem sempre são fiáveis os testemunhos sobre a abstinência, explicaram.

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