EUA. Manifestantes incendeiam esquadra em protesto contra a morte de George Floyd

EUA. Tumultos. Manifestantes incendeiam esquadra em protesto contra a morte de George Floyd

Alfa/Lusa/Expresso

Manifestantes protestam contra as circunstâncias que levaram à morte de George Floyd, em Minneapolis

CRAIG LASSIG

Afro-americano morreu depois de um agente da polícia de Minneapolis, nos EUA, ter pressionado o joelho sobre o seu pescoço durante quase oito minutos. Minneapolis registou ainda três dezenas de incêndios noutros locais e o saque de várias lojas, a maioria perto do local onde Floyd morreu

Manifestantes indignados com a morte de George Floyd, um afro-americano que morreu sob custódia policial, invadiram uma esquadra da polícia em Minneapolis e incendiaram o local, disseram as forças de segurança.

Um porta-voz da polícia daquela cidade do estado de Minnesota confirmou que a terceira esquadra, situada perto do local onde Floyd morreu, foi evacuada « no interesse da segurança do pessoal ». O incidente deu-se pouco depois das 22:00 de quinta-feira (5h desta sexta-feira em Lisboa).

Num vídeo divulgado online, um grupo de pessoas entra no edifício, fazendo disparar os alarmes de incêndio e os aspersores usados no combate às chamas.

A cidade do estado do Minnesota registou ainda três dezenas de incêndios noutros locais e o saque de várias lojas, a maioria perto do local onde Floyd morreu. Num centro comercial em frente à terceira esquadra, as montras de quase todas as lojas foram estilhaçadas, com manifestantes a atirarem manequins de uma loja saqueada para dentro de um automóvel em chamas, em cenas de violência que se multiplicaram noutras partes da cidade.

Dezenas de empresas em Minneapolis entaiparam as montras na quinta-feira, num esforço para evitar pilhagens, com a cadeia de lojas Target a anunciar o encerramento temporário de duas dúzias de estabelecimentos na zona. As autoridades da localidade encerraram a maioria dos transportes no domingo passado, por razões de segurança.

Os protestos contra a morte de George Floyd, que entraram no terceiro dia consecutivo, alastraram-se também a St. Paul, capital do estado do Minnesota, com a polícia a tentar impedir o saque de lojas e os bombeiros a serem chamados para combater incêndios.

Em Minneapolis, manifestantes incendiaram uma esquadra

Em Minneapolis, manifestantes incendiaram uma esquadra

CARLOS BARRIA

Na quinta-feira à noite, em St. Paul, nuvens de fumo pairavam no ar, enquanto a polícia, armada com bastões e máscaras de gás, vigiava os manifestantes na maior rua comercial da cidade. As forças de segurança tentaram impedir manifestantes de saquear um armazém Target, havendo registo de muitas montras partidas.

Os protestos espalharam-se também a outras zonas do país. Em Nova Iorque, apesar da epidemia da covid-19, manifestantes organizaram concentrações públicas na quinta-feira, em alguns casos com confrontos policiais. Em Denver, manifestantes bloquearam o trânsito no centro da cidade.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu na noite de segunda-feira em Minneapolis, após uma intervenção policial violenta, cujas imagens se tornaram virais. Floyd foi detido por suspeita de ter tentado pagar com uma nota falsa de 20 dólares num supermercado. Num vídeo filmado por transeuntes e divulgado nas redes sociais, é possível ver um dos agentes pressionar o pescoço da Floyd com o joelho durante vários minutos.

A polícia alegou que o homem resistiu à prisão, mas novas imagens, captadas pelas câmaras do restaurante em frente ao qual ocorreu a detenção, mostraram Floyd a ser conduzido para a viatura policial, de mãos algemadas nas costas e sem oferecer resistência.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos e as autoridades locais e federais estão a investigar o incidente, mas ainda não houve acusações.

Na quinta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, condenou o caso, apelando às autoridades para adotarem « medidas sérias » para pôr termo a estas mortes de afro-americanos.

« Esta foi a última de uma longa série de mortes de afro-americanos não armados cometidas por polícias norte-americanos e autojusticeiros (…). As autoridades norte-americanas devem tomar medidas sérias para pôr termo a estas mortes e assegurar que seja feita justiça quando ocorrem », indicou Michele Bachelet em comunicado.

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