Exposições de artistas lusófonos animam verão parisiense
Mesmo com o êxodo de muitos parisienses que buscam paragens mais quentes no verão, agosto em Paris não é só animado pelas praias nas bordas do rio Sena, mas também por um público que passados vários meses de encerramento pôde finalmente voltar aos museus e espaços culturais na capital.
Para os receber, estão os artistas lusófonos com diversas manifestações.
No Fluctuart, um barco no Sena, junto aos Invalides, encontra-se a exposição « TRACE », uma monografia do artista português Alexandre Farto, conhecido como Vhils.
Aberto no verão de 2019 e sendo o único barco no mundo dedicado a mostrar a ‘street art’, a direção artística do Fluctuart escolheu o artista luso para o momento da reabertura após vários meses de encerramento devido à pandemia de covid-19 em França.
« É um artista que eu conheço e que eu coleciono. Ele é muito jovem, mas é uma estrela da ‘street art’. É um artista que está no top 10 deste movimento artístico. Ele veio com a sua equipa instalar aqui a exposição e gostou muito do local », disse Nicolas Laugero Lasserre, cofundador do espaço e diretor artístico do Fluctuart, em declarações à agência Lusa.
Com um espaço de 1.000 metros quadrados num barco que custou cerca de 4,5 milhões de euros, o Fluctuart é um museu, com visitas gratuitas e onde até 03 de outubro os parisienses podem ver as várias fases do trabalho de Vhils, mas também um ‘rooftop’ na moda, com bar e restaurante.
« O nosso desafio é que quem vem jantar ou beber um copo vá também visitar a exposição e temos um verdadeiro trabalho de receção, fazendo visitas guiadas gratuitas », explicou Lasserre.
Na esplanada deste barco, pode ainda ser vista a exposição « Les Amazones », comissariada pela brasileira Agathae Montecinos, onde sete mulheres, entre elas duas brasileiras, Drika Chagas e Sayonara Pinehiro, expõem as suas obras de ‘street art’.
No Museu de Arte Moderna de Paris, as mulheres africanas estão em destaque com a exposição « The Power of My Hands », no âmbito da temporada Africa 2020 em França, que deveria ter acontecido no ano passado, mas foi adiada devido à pandemia.
A exposição reúne obras de 16 mulheres africanas, incluindo a angolana Ana Silva ou a moçambicana Reinata Sadimba, e quer dar voz a estas artistas.
« Há um conjunto de ideias curatoriais e ao dar voz a estas artistas tentámos também juntar a nossa voz como curadoras. Nós acreditamos que as peças falam por si, não precisam de tradução, mas juntar as nossas vozes vem só reforçar isso », explicou Suzana Sousa, curadora da exposição.
Esta investigadora angolana considera que na história mundial « as mulheres de forma geral não foram o foco », acontecendo o mesmo com as artistas africanas.
Através de cerâmica, instalações de vídeo ou manipulação de tecidos, acompanhadas por testemunhos de cada artista, a exposição é um percurso pela arte contemporânea do continente e está patente até 22 de agosto.
Já no Museu da Música, a exposição « Salgado Amazônia » propõe um percurso pelas fotografias do conceituado fotógrafo brasileiro que mostra a Amazónia, acompanhado por música criada especialmente pelo compositor Jean-Michel Jarre.
Ao longo da exposição, o visitante conhece também mais de uma dezenas de povos indígenas do amazonas, com quem o fotógrafo passou algum tempo nas suas viagens a esta parte ainda por explorar completamente do globo.
A exposição de Sebastião Salgado está patente até 31 de outubro.