Seleccionado para competir no Festival de Locarno, um filme dramático escrito e realizado pelo luso-suíço Basil da Cunha (“Até Ver a Luz”) que, na edição de 2020 do Festival IndieLisboa arrecadou os prémios Melhor Longa-Metragem Portuguesa e Árvore da Vida. No elenco encontramos um grupo de actores não-profissionais: Michel David Pires Spencer, Lara Cristina Cardoso, Marco Joel Fernandes e Alexandre Da Costa Fonseca, entre outros.
Quando Spira regressa à Reboleira, oito anos passados da sua detenção, está no que resta da Reboleira de onde partiu, mas não tem a certeza do que resta de quem era há oito anos naquele mesmo local. É nesta dualidade que irá permanentemente testar os outros e ser posto à prova, especialmente por Kikas e a sua auto-proclamada autoridade como líder dos negócios obscuros e supremo defensor do bairro e das pessoas. Se a cidade – e o país – já tratam Spira como um estranho, onde poderá ele encontrar um eco de pertença? A resposta estará talvez nos momentos em que investe nas demonstrações de interesse por Iara. Uma narrativa que vive do desempenho dos actores não-profissionais, que dão volume à elegia que Basil da Cunha parece querer fazer a um espaço e tempo que (não tão) lentamente desaparecem do mapa urbano. Ficção impura que obriga a pensar na realidade dos não-lugares que povoam as cidades, vítimas das políticas que adoecem a sua poesia e os transformam nesta noite escura. (Mafalda Melo)
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Basil da Cunha
Realizador · Suíça · 1985