França. O enigma dos nascimentos de bebés sem braços

França. Novos casos suspeitos de nascimentos de bebés sem braços. Autoridades francesas revelaram nesta terça-feira à noite a existência de mais onze casos suspeitos de crianças nascidas sem braços, mãos ou dedos só numa pequena zona do departamento de L’Ain, no leste do país. A informação pôs em alerta o país porque, a confirmar-se a notícia, significaria que os serviços de saúde apenas tinham registado sete casos de nascimentos desse tipo na região entre 2000 e 2014, falha que provoca polémica.

 

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro

Não há ainda explicações para o fenómeno nesta região de L’Ain, onde a taxa de nascimentos de bebés sem braços é muito superior à do resto da França. As investigações feitas até agora sobre os sete casos oficialmente recenseados não apuraram as causas das malformações dos bebés, que se concentram numa zona de 17 km à volta da aldeia de Druillat.

Emmanuelle Amar, diretora do registo de malformações em toda a região do Rhone-Alpes (Remera), confirmou a existência de mais dez casos suspeitos depois de, durante o dia de terça-feira, ter sido revelada por uma família, a existência de um novo caso de um bebé, hoje com seis anos de idade, que nasceu sem a mão direita. Neste momento, estão a ser estudadas as causas de oito nascimentos sem braços, mãos ou dedos nesta região, mas o número total poderá ser agora de 18.

Emmanuelle Amar avança com explicações “ambientais” para o mistério destes nascimentos em série com malformações numa muito pequena zona do leste da França. “As investigações continuam”, declarou a diretora do Remera que chegou a ser ameaçada de despedimento por, segundo um comentador, « dar más notícias ».

Os novos casos suspeitos, revelados nas últimas horas, foram detetados depois dos organismos oficiais de saúde terem lançado “análises complementares a partir dos registos dos hospitais”.

Casos idênticos de nascimentos de bebés sem braços, mas em muito menor número, foram igualmente registados em mais duas regiões do oeste francês – em duas zonas da Bretanha e da Loire-Atlantique. Contudo, nestas duas regiões, a taxa deste tipo de bebés não é muito superior à do resto da França, onde a média nacional é de 1,7 casos para 10 mil nascimentos. Já na zona de Druillat, os números são inquietantes: segundo dados revelados pela imprensa a taxa será perto de 58 vezes superior à normal.

Sem explicações científicas para os casos detetados, continua por esclarecer igualmente porque não há registo de novos casos de nascimentos de bebés sem braços a partir de 2014. As autoridades são suspeitas de terem desleixado as investigações por esse motivo, o que foi denunciado por Emmanuelle Amar.

Sob pressão da imprensa, os ministérios da Saúde e da Ecologia, anunciaram na terça-feira o lançamento de novas investigações e confirmaram que o Remera continuará em funcionamento sob a autoridade da atual diretora, que é especialista em epidemiologia.

“Os estudos sobre as causas devem ser aprofundados e os pais precisam de ser informados sobre o que aconteceu aos seus filhos”, disse a diretora do Remera. A especialista indica que medicamentos dados às grávidas não deverão ser a causa, privilegia questões ambientais e refere que os medicamentos considerados perigosos foram afastados há muitos anos do mercado francês.

Em França não existem registos nacionais sobre casos deste género e oficialmente apenas se diz que nascerão em França 150 bebés sem braços por ano.

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