
Fernando Gomes vai procurar “a partir de amanhã” as empresas para criar “um movimento único e pioneiro de financiamento” para Los Angeles2028, declarou hoje na tomada de posse como presidente do Comité Olímpico de Portugal.
“Queria deixar uma nota especial às empresas: vou procurar-vos a partir de amanhã. Em todas espero poder encontrar uma genuína vontade de se juntar a um movimento único e pioneiro de financiamento aos atletas de alta competição que nos leve a ter em Los Angeles uma equipa mais reconhecida, menos solitária, mais apoiada e mais perto de ganhar”, indicou, recebendo um forte aplauso.
Fernando Gomes discursava na tomada de posse dos órgãos sociais do Comité Olímpico de Portugal (COP) para o quadriénio 2025-2029, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
O novo presidente do organismo olímpico tinha começado por instar todos – “Estado, empresas, comunicação social” – a participarem naquilo que descreveu como o final do silêncio no qual vive o desporto nacional, considerando que o país “vive na idade da ignorância, não das federações, não dos atletas, não das equipas, mas de tudo o resto”.
Interpelando diretamente o Governo, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, do ministro dos Assuntos Parlamentares, responsável pela tutela do desporto, e do secretário de Estado do setor, Pedro Dias, Fernando Gomes mostrou-se convicto de que, “aconteça o que acontecer no dia 18 de maio”, o executivo resultante das eleições vai perceber “a ambição de um plano claro e mensurável” para os objetivos comuns.
“Sei que independentemente desse resultado, o desporto precisa de olhar para as suas fontes de financiamento e perceber se elas estão a contribuir para o equilíbrio e competência, ou se estão a aumentar a vertigem que existe entre o futebol e todo o restante universo desportivo de muitos milhares de jovens talentos”, defendeu o portuense, que presidiu à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) durante 13 anos.
O presidente do COP reiterou que “rever a aplicação das receitas provenientes das apostas desportivas é nuclear”.
“Instamos o Governo a criar de imediato um grupo de trabalho que possa, de forma rápida e objetiva, analisar o que aconteceu nos últimos oito anos e perceber onde podemos introduzir ponderadores que fomentem uma distribuição mais concorrente com o êxito desportivo”, acrescentou, num apelo ‘aceite’ por Luís Montenegro no seu discurso.
Numa cerimónia na qual os nomes do desporto estiveram em ‘peso’, desde os antigos presidentes do COP Artur Lopes e Vicente Moura, aos líderes federativos ou o presidente do FC Porto, André Vilas-Boas, o antigo basquetebolista assumiu que é um dirigente “de poucas palavras, muito de fazer e sempre focado em objetivos”.
“O trabalho arranca hoje, o nosso programa foi sufragado, e amanhã [quarta-feira] mesmo já teremos uma reunião alargada com todas as federações para o melhorar ainda mais. Terminou o tempo das palavras, começa agora o tempo da ação”, prometeu.
Num discurso em que cumprimentou Laurentino Dias, o candidato derrotado nas eleições de 19 de março, e reafirmou que as federações que apoiaram o antigo secretário de Estado do Desporto são, aos seus olhos, “tão importantes quanto as outras”, Fernando Gomes recordou ainda José Manuel Constantino, que presidiu ao COP entre março de 2013 e 11 de agosto passado, data da sua morte.
“A honra que sinto por suceder a José Manuel Constantino, um dos maiores pensadores da história do desporto português, é proporcional à responsabilidade que tenho de dar vida ao seu legado e à sua visão”, comparou.
Marcelo pede “acordo de regime alargadíssimo” para próximo ciclo olímpico

O Presidente da República pediu hoje um “acordo de regime alargadíssimo” para o próximo ciclo olímpico e salientou a “boa coincidência” que os próximos Jogos se realizem em Los Angeles, voltando a deixar críticas à atual administração norte-americana.
“O que estamos a viver hoje é o unilateralismo, é o isolacionismo, é o protecionismo, é a negação do diálogo, é a negação da tolerância, que é exatamente o oposto do espírito olímpico”, assinalou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na cerimónia de tomada de posse do novo presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e em que também discursou o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
“É preciso que o mundo melhore muitíssimo. Porque senão o espírito olímpico está a ser construído por um lado e a ser destruído pelo outro. Fecham-se fronteiras, fecham-se diálogos, fecham-se pontes, fica uma hipocrisia”, lamentou, ainda em referência à situação dos Estados Unidos.
Em Portugal, defendeu, vive-se “um momento histórico”, elogiando a “evolução impressionante” em termos de resultados do país nos Jogos Olímpicos das últimas décadas.
“Dito isto, eu sou um otimista realista, fui sempre, não há razão para deixar de ser. E o meu otimismo realista diz o seguinte: que agora é hora da unidade de todos em torno deste novo capítulo da história do movimento olímpico em Portugal”, defendeu.
A menos de dois meses de novas eleições legislativas antecipadas, Marcelo Rebelo de Sousa pediu que, nos próximos três anos de preparação para os Jogos Olímpicos de 2028, haja um acordo de regime nesta área.
“Não vale a pena estar a discutir, tem de haver mesmo acordo de regime. Qualquer que seja o governo, em quaisquer circunstâncias, isto tem de haver. E é um acordo de regime alargadíssimo, porque tem de ser aos atletas, aos clubes, aos autarcas, às famílias, aos portugueses, aos meios de comunicação social, ao mundo empresarial, às coletividades as mais diversas”, afirmou.
“Nós temos vários desportistas, em várias modalidades, que são os melhores do mundo. E se nós somos capazes de fazer isso no desporto, nós somos capazes de fazer isso em qualquer atividade”, defendeu.
O chefe de Estado e de Governo concordaram também na necessidade de aumentar a prática desportiva em Portugal entre as crianças, com Montenegro a considerar preocupantes os resultados do país nesse indicador e no da obesidade infantil.
“Nós às vezes enganamo-nos a nós próprios e pensamos que somos um país com muita prática desportiva e não somos, estamos na cauda da União Europeia em termos de prática desportiva e também estamos com uma performance preocupante ao nível da obesidade”, afirmou.
Fernando Gomes foi eleito a 19 de março presidente do COP para o quadriénio 2025-2029, somando 103 votos contra os 78 do adversário Laurentino Dias, correspondentes a 57% dos votos expressos em urna.
Além de muitas figuras do desporto, como o presidente do Futebol Clube do Porto, marcaram presença o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, deputados do PS e vários autarcas, entre os quais o da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Montenegro promete Plano de Desenvolvimento do Desporto e reponderar verbas das apostas

O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo já tem “trabalho muito adiantado” para uma reponderação da distribuição das verbas das apostas desportivas e prometeu, até maio, um Plano de Desenvolvimento do Desporto.
Estes compromissos foram deixados por Luís Montenegro na cerimónia de tomada de posse do novo presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e em que também discursou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de ter salientado o programa já assinado pelo atual Governo com o COP em dezembro, de 65 milhões de euros, o primeiro-ministro respondeu ainda a um dos desafios que o novo presidente do Comité Olímpico tinha deixado ao Governo na tomada de posse.
“O ministro dos Assuntos Parlamentares e o secretário de Estado do Desporto já têm trabalho muito adiantado para a reponderação que farão já com o Comité Olímpico das verbas das apostas desportivas”, afirmou o primeiro-ministro.
Segundo Montenegro, o Governo está disponível para garantir que “haja maior equidade na distribuição dessas verbas para que todos possam ter a possibilidade de usufruir das receitas provenientes dessas atividades”.
O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo PSD/CDS-PP, tal como tinha previsto no seu programa, “está a terminar o trabalho de elaboração do Plano de Desenvolvimento do Desporto”
“Nós éramos um dos três países da União Europeia que não tínhamos esse plano. Já finalizámos a fase da consulta às autarquias, às federações, aos clubes, às universidades, às escolas. Estamos já numa fase de definição final da estratégia e até ao próximo mês de maio será apresentado o Plano de Desenvolvimento do Desporto”, afirmou, sem se referir às legislativas antecipadas previstas para 18 de maio.
Durante a campanha para o COP, Fernando Gomes defendeu que o modelo de distribuição das verbas das apostas desportivas, atualmente concentrado nas escassas modalidades que permitem apostas, deveria ser discutido.
“Faz todo o sentido que as modalidades desportivas que não são objeto de aposta desportiva e que por essa via não têm qualquer tipo de retorno mereçam da parte das entidades governativas uma análise aprofundada para criar um mecanismo de compensação […] que as ajude a ser financeiramente mais sustentáveis”, afirmou enquanto candidato.
Com Agência Lusa.