Coletes Amarelos. Portugal também entrou no Grande Debate Nacional lançado por Emmanuel Macron para responder à crise dos « coletes »: Franceses dizem-se indignados com isenção fiscal dada por Portugal a reformados. Primeiro-ministro, Édouard Phillipe deverá anunciar nesta segunda-feira uma síntese das propostas que foram avançadas durante o Debate.
Alfa/com Lusa e outras fontes
Regime fiscal dos Residentes Não Habituais (RNH) foi criado em 2009 com o objetivo de atrair para Portugal pessoas de rendimentos elevados e profissionais de alto valor acrescentado.
Portugal também entrou no « grande debate » em França devido ao regime de isenção fiscal concedido aos reformados e que levou muitos cidadãos franceses a sugerirem a retirada de benefícios dos seus concidadãos que se instalem no país.
Opiniões e propostas partilhadas no site do « grande debate » – uma iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, para responder aos protestos dos ‘coletes amarelos’ – chamam aos franceses que estão a usufruir da isenção fiscal durante 10 anos em Portugal « exilados fiscais » e a Portugal « um ‘eldorado’ fiscal ».
O regime fiscal dos Residentes Não Habituais (RNH) foi criado em 2009 com o objetivo de atrair para Portugal pessoas de rendimentos elevados e profissionais de alto valor acrescentado, oferecendo isenção de IRS aos reformados e uma taxa reduzida de imposto (20%) aos rendimentos de trabalho.
Apesar de uma parte da discussão sobre os mais diversos temas desde o funcionamento da democracia até à fiscalidade em França ter acontecido em reuniões públicas, uma parte das quase dois milhões de propostas feitas pelos franceses chegaram através da internet. Estas propostas foram recebidas de janeiro a meados de março e serão todas analisadas de forma a darem origem a medidas a aplicar pelo governo.
Outra proposta para sancionar quem se muda para Portugal ou outros países que promovem isenções fiscais é o corte de 50% das pensões atribuídas por França. « É preciso fazer pagar de alguma maneira todos os reformados que partem para fugir aos impostos em França, já que como não consomem aqui, o seu dinheiro não volta a entrar na economia francesa. Eles empobrecem a França. É um verdadeiro escândalo e uma prova de grande egoísmo« , sugeriu outro utilizador no site oficial do « grande debate ».
Para além de críticas aos seus concidadãos, os franceses estão preocupados com o impacto desta medida portuguesa e pedem que haja uma análise « sem tabus » aos acordos com Portugal.
« É importante abrir um debate sem tabu sobre este dispositivo, que leva a uma dupla isenção dos reformados franceses que se mudam para Portugal. Esta dupla isenção leva a que os Estados sejam privados de receitas fiscais e promovem concorrência desleal entre os Estados-membros da União Europeia », escreveu um utilizador que se identificou como Porto e que apelidou a sua proposta de « acabar com a evasão fiscal no ‘eldorado’ português ».
O sistema adotado por Portugal para atrair reformados tem sido debatido em França depois de algumas declarações polémicas de estrelas da música e do cinema que afirmaram publicamente que se mudavam para terras lusas devido à isenção fiscal.
Em 2017, Florent Pagny, cantor e ator, disse numa entrevista que iria viver para Portugal « por razões fiscais », enumerando todas as vantagens dadas aos estrangeiros que se instalam no país. Esta entrevista levou o ministro da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, a convidar o artista a ficar em França, afirmando que o governo estava a preparar medidas adicionais para manter as grandes fortunas em território nacional.
O Grande Debate chegou ao fim em França e esta segunda-feira será conhecida, através do PM Édouard Phillipe, a síntese das propostas e ideias retidas e o Presidente Macron deverá responder e apresentar conclusões a meados de abril.