Greve/França. “Terça-feira negra” antes do Governo anunciar os detalhes da revisão das pensões de reforma

Greve geral em França. “Terça-feira negra” antes do Governo anunciar os detalhes da revisão das pensões de reforma

Foto CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS

Braço de ferro entre sindicatos e Governo em momento decisivo. Hoje, terça-feira, nova jornada de manifestações em todo o país, na véspera do primeiro-ministro, Édouard Philippe, anunciar os detalhes do seu projeto de revisão do sistema de cálculo das pensões de reforma

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro (Leia versão original em expresso.pt)

Os sindicatos esperam voltar a paralisar todo o país nesta terça-feira com manifestações pelo menos idênticas às da passada quinta-feira, quando juntaram nas ruas de 250 cidades e vilas entre 800 mil e 1,5 milhões de pessoas (segundo os números da polícia e dos sindicatos).

Hoje, às primeiras horas da manhã, os efeitos da greve já se faziam sentir pelo sexto dia consecutivo sobretudo em todas as redes de transportes terrestres. Às 8h locais (menos uma hora em Lisboa), registavam-se mais de 400 quilómetros de engarrafamentos nas estradas da região da capital. Ontem, segunda-feira de manhã e ao fim do dia, os engarrafamentos bateram recordes com mais de 600 quilómetros de estradas completamente atulhadas de veículos automóveis.

Os controladores aéreos também apelam à greve para esta terça-feira e estão por esse motivo previstos atrasos e reduções de 20% dos voos domésticos e de curta e média distância para o estrangeiro nos principais aeroportos do país.

A nova jornada “negra” acontece na véspera do primeiro-ministro, Édouard Philippe, anunciar os pormenores do seu plano de revisão do sistema de cálculo das reformas.

O Governo dá indicações de poder ceder em alguns aspetos, designadamente sobre o calendário da transição do atual regime para o de pontos e igualmente sobre o fim de todos os 42 regimes especiais de reforma que existem em França, bem como no da forma de encarar as especificidades das chamadas “profissões penosas”.

Com estas concessões, o Presidente Emmanuel Macron e Édouard Philippe pretenderão dividir os sindicatos porque algumas centrais sindicais (como a importante CFDT, moderada) não são completamente desfavoráveis à revisão do sistema, em nome da sustentabilidade financeira das caixas de aposentação.

O braço de ferro é total e hoje será um dia decisivo. Se a mobilização para as manifestações continuar muito forte, o Governo ficará em maiores dificuldades para levar para a frente o seu projeto e a própria CFDT ficará com problemas para, eventualmente, apelar ao fim da greve. Esta central sindical espera também que as prováveis cedências do poder sejam suficientemente consistentes, de forma a confortar a sua posição moderada e “reformista”.

Apesar dos problemas que a greve nos transportes coloca à circulação das pessoas devido à penúria de comboios, autocarros e metropolitanos, mais de 50 por cento dos franceses declaram apoiar ou “simpatizar” com a greve, segundo uma sondagem divulgada no passado domingo.

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