Greve geral/França. Édouard Philippe falou. Mais um sindicato a favor da greve

O primeiro-ministro, Édouard Philippe, falou aos franceses no sétimo dia de greve geral contra o seu projeto de revisão do sistema de cálculo das reformas dos pensionistas.

O PM francês falou no fim progressivo dos regimes especiais e na universalidade do sistema, não colocou diretamente em causa a atual idade de legal de partida para a reforma, aos 62 anos, mas ao evocar « uma idade de equilíbrio aos 64 anos » lançou óleo sobre o fogo na crise social que começou em França no passado dia cinco.

Laurent Berger, moderado e reformista, líder da principal central sindical francesa, CFDT, que não estava até agora completamente envolvida nas greves e nas manifestações, e que era considerado um próximo do Presidente Emmanuel Macron, disse que, ao falar na « idade de equilíbrio aos 64 anos », o PM « ultrapassou a linha vermelha ».

Depois da longa comunicação de Édouard Philippe ao país (durante cerca de uma hora), é de crer que a crise social e as greves e manifestações poderão desenvolver-se nos próximos dias em França.

Leia aqui o despacho da Lusa sobre o tema: 

Governo francês suaviza reforma e adia entrada em vigor das novas pensões

REUTERS

O novo sistema universal de pensões em França vai abranger apenas as gerações nascidas a partir de 1975 e só terá nova formulação, através de pontos, a partir de 2025, anunciou esta quarta-feira o primeiro-ministro francês

« De forma a pôr termo a uma semântica guerreira, para a qual nos querem arrastar, eu quero dizer-vos que esta refundação [do sistema de pensões] não é uma batalha », disse Édouard Philippe, ao detalhar esta manhã as medidas do novo sistema universal de pensões.

O primeiro-ministro falou no Conselho Económico, Social e Ambiental, em Paris, dirigindo-se a todo o país. Este é o sétimo dia consecutivo de greve em França em protesto contra este novo sistema de pensões.

Entre os principais anúncios, Édouard Philippe garantiu que a idade da reforma se vai manter nos 62 anos, com uma idade de equilíbrio aos 64 anos, havendo assim um incentivo a quem deixar de trabalhar mais tarde.

Quanto à entrada em vigor do novo sistema universal, que vem substituir os 42 sistemas de pensões que existem no país, não vai tocar os trabalhadores nascidos antes de 1975 e para os que nasceram depois, até 2025 os cálculos mantêm-se como atualmente. Assim, alguém que nasceu em 1975, que estará reformado em 2037, terá um pensão composta pelos dois sistemas.

Uma mensagem forte foi enviada aos sindicatos que estão em greve, nomeadamente dos transportes, com o primeiro-ministro a garantir o fim dos regimes especiais. « O tempo do regime universal chegou e acabaram os sistemas especiais », afirmou o governante.

Com este novo sistema por pontos, os sindicatos têm criticado o facto de o cálculo do valor desses mesmos pontos ser controlado pelo Governo e, assim, o primeiro-ministro anunciou que o seu cálculo vai ser feito pelos parceiros sociais e controlado pela Assembleia Nacional.

A pensão mínima de mil euros ficou também assegurada nesta declaração, algo que o primeiro-ministro qualificou de « revolução social » para os agricultores ou trabalhadores do comércio que têm em média pensões abaixo deste valor.

Já para os professores, que perderiam entre 300 a 800 euros com este novos sistema na sua pensão, o primeiro-ministro garantiu que os salários vão ser aumentados a partir do próximo verão e as suas pensões serão equivalentes a outros postos na função pública.

A totalidade da reforma do sistema de pensões vai começar a ser discutida na Assembleia Nacional a partir fevereiro e deverá entrar em vigor em 2022 para os trabalhadores mais jovens e 2025 para as gerações nascidas a partir de 1975.

 

 

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