Guaidó não exclui intervenção militar dos EUA na Venezuela

O líder da oposição venezuelana diz que considerará « todas as opções necessárias » que possam pôr fim ao chavismo, incluindo uma intervenção militar liderada pelo Estado Unidos.

Foto: EPA/Miguel Gutierrez

O autoproclamado Presidente da Venezuela, Juan ​​​​Guiadó, disse à BBC que avaliará « todas as opções » para destituir Nicolás Maduro e que está a considerar pedir aos Estados Unidos uma intervenção militar.

Na semana passada, o líder da oposição venezuelana lançou uma tentativa fracassada de desencadear uma rebelião militar e forçar Maduro a sair do poder.

O Presidente venezuelano respondeu falando publicamente a partir de uma base do exército em Caracas, rodeada por soldados.

Guaidó declarou-se Presidente interino da Venezuela em janeiro. Como líder da Assembleia Nacional controlada pela oposição, invocou a constituição para assumir uma presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro no ano passado foi ilegítima.

Mas Maduro, que é apoiado pela Rússia, a China e os líderes do exército da Venezuela, recusou ceder o poder.

Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA, o Reino Unido e a maioria das nações latino-americanas, e disse à BBC que o apoio que recebeu dos EUA foi « decisivo ».

« Eu acho que a posição do Presidente [Donald] Trump é muito firme, o que nós apreciamos, assim como o mundo inteiro », afirmou.

Questionado sobre se gostaria que Trump e os militares dos EUA interviessem, Guaidó respondeu que é « responsável por avaliar » a possibilidade de intervenção internacional, acrescentando: « Eu, como presidente do parlamento nacional, avaliarei todas as opções, se necessário« .

Contudo, Trump disse aos jornalistas na sexta-feira que não estava queria envolver os militares dos EUA na Venezuela.

Afirmou ainda que, num telefonema, o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe garantiu que « não queria envolver-se na Venezuela para além de gostar de ver algo positivo a acontecer » no país, antes de acrescentar: « E eu sinto o mesmo ».

Mas o secretário de Estado Mike Pompeo teve palavras mais duras para a Rússia no domingo, dizendo à emissora norte-americana ABC que « os russos devem sair ».

« É muito claro, queremos que os russos saiam, queremos os iranianos, queremos os cubanos », afirmou.

Em resposta aos confrontos da semana passada, Nicolas Maduro apareceu na sexta-feira ladeado por soldados numa base do Exército em Caracas, apelando às forças armadas para derrotarem « qualquer conspirador ».

« Ninguém ousa tocar no nosso solo sagrado ou trazer a guerra à Venezuela », acrescentou Maduro, num desafio que se seguiu a dias de confrontos, durante os quais cinco pessoas morreram, incluindo dois adolescentes.

Mas Guaidó nega que tenha sido derrotado, dizendo à BBC que o presidente Maduro « vem perdendo várias vezes ».

« Eu acho que o único que realmente se machuca é Maduro », afirmou, acrescentando: « Ele tem perdido todas as vezes. Está cada vez mais fraco, cada vez mais sozinho e não tem apoio internacional. Pelo contrário, nós ganhamos aceitação, apoio e opções futuras. »

Alega ainda que é « muito visível que as forças armadas já não suportam Maduro ».

Os confrontos registados desde a madrugada da passada terça-feira provocaram a morte de cinco manifestantes, três dos quais menores, e feriram outras 239 pessoas, segundo informações das Nações Unidas.

Alfa/TSF/LUSA

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