O Presidente Emmanuel Macron apelou aos aliados da Ucrânia para um « sobressalto » perante um « endurecimento » da Rússia.
A reunião em Paris decorreu num momento crítico para a Ucrânia, que aguarda armas ocidentais que diz serem necessárias para garantir a independência do país.
Pelo seu lado, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse que há membros da NATO e da União Europeia a preparar o envio de tropas para a Ucrânia, o que a acontecer levaria a uma alteração da natureza do conflito – esta informação está a ser divulgada em Portugal pela CNN-Portugal.
Leia aqui um despacho da Lusa sobre a reunão em Paris:
Ucrânia: Macron não exclui envio de tropas e lança “economia de guerra” contra Moscovo
O Presidente francês Emmanuel Macron frisou hoje que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não deve “ser descartado” no futuro, anunciando ainda uma coligação para a entrega de mísseis de médio e longo alcance a Kiev.
O governante francês referiu, numa reunião de alto nível que o próprio convocou em Paris, e na qual Portugal esteve representado pelo primeiro-ministro, António Costa, que foi decidido avançar com “uma economia de guerra” e “criar uma coligação para ataques profundos e, portanto, mísseis e bombas de médio e longo alcance”.
Ainda antes do encontro, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, avançou que alguns países ocidentais estão a considerar acordos bilaterais para enviar tropas para a Ucrânia.
Macron, por sua vez, não descartou o envio de forças militares para a Ucrânia, embora tenha reconhecido que neste momento não há consenso a esse respeito.
« Não há consenso hoje para enviar tropas terrestres de forma oficial, assumida e endossada. Mas dinamicamente, nada deve ser excluído. Faremos tudo o que for necessário para garantir que a Rússia não possa não vencer esta guerra », explicou o Presidente francês, citando uma “ambiguidade estratégica » que aceita.
« Não disse de todo que a França não era a favor disso”, vincou ainda.
Macron aludiu hoje a “cinco categorias de ação” nas quais as autoridades europeias concordaram em investir recursos: “a ciberdefesa, a coprodução de armas e munições na Ucrânia, a defesa dos países diretamente ameaçados pela Rússia, em particular, a Moldova, e a capacidade de apoiar a Ucrânia na sua fronteira com a Bielorrússia e em operações de desminagem”.
O governante apontou que os aliados de Kiev devem “fazer mais” no que diz respeito ao envio de recursos militares para a Ucrânia.
“Existem várias opções em cima da mesa, como a emissão conjunta de dívida” para a Ucrânia, explicou.
Considerado a “prioridade das prioridades” as munições, Macron garantiu que os aliados estão “determinados a chegar ao fim das reservas disponíveis”.
« De acordo com a nossa análise (…). A Rússia continua a guerra e a sua conquista territorial, contra a Ucrânia, mas contra todos nós em geral (…). Estamos convencidos de que a derrota da Rússia é essencial para a segurança e a estabilidade em Europa », sublinhou.
O primeiro-ministro português assegurou, depois do encontro de alto nível, que “não há nenhum cenário em que essa questão se tenha se tenha colocado”, para o envio de tropas por países da NATO.
António Costa comparou a invasão russa da Ucrânia à ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, afirmando esperar que o direito internacional prevaleça em território ucraniano.
Dois dias depois de se terem assinalado os dois anos da invasão russa do território ucraniano e numa altura em que a Ucrânia corre risco de ficar sem liquidez no final de março, o Presidente francês convocou uma reunião de alto nível em Paris para analisar os meios disponíveis para reforçar a cooperação entre os parceiros no apoio à Ucrânia.