Igreja Católica. Comissão começa a investigar abusos

A comissão independente dá esta terça-feira início ao processo de investigação de abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa. O objetivo é reunir depoimentos de quem possa ter sido vítima de abusos no seio da instituição entre 1950 e 2022.

Os testemunhos anónimos vão servir de base à investigação, cujos resultados deverão ser divulgados no final deste ano. Os casos em que os crimes não tiverem prescrito poderão ser remetidos às autoridades judiciais.O pedopsiquiatra Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa, afirmou ontem que “apenas o ter alguém com quem falar” pode ser “absolutamente marcante” para uma “viragem emocional”.

“A comissão existe para que em último caso e sempre que necessário, orientar queixas para quem de direito pode e deve investigá-las e dar-lhes respostas sobre a moldura jurídica existente em Portugal”, acrescentou.

“Nós vamos distinguir claramente denúncias de testemunhos. As denúncias não as vamos trabalhar, mas vamos imediatamente enviá-las para as instâncias competentes”, referiu, por sua vez, Álvaro Laborinho Lúcio, juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e ex-ministro da Justiça.
“Total autonomia”.
O coordenador da comissão independente assinalou que a estrutura “deseja esclarecer tudo quanto possa ter acontecido em Portugal ao longo dos últimos anos no que se refere à abordagem desta realidade tão complexa como necessária de apurar”.“A Conferência Episcopal Portuguesa depositou nesta comissão uma total autonomia e total confiança que nos dá a certeza de podermos a partir de agora de trabalhar o melhor possível para honrar os compromissos para os quais fomos investidos”, fez notar.Pedro Strecht disse ainda que a comissão já entrou em contacto com as 21 comissões diocesanas criadas para tratar este dossier.

“Acho que quando nos foi feito este convite foi porque a Igreja Católica já fez esse movimento interior de querer esclarecer a questão”, vincou.

“A comissão existe para estar ao lado das pessoas, tem disponibilidade total para escutar a seu tempo e com tempo uma a uma, porque todos, mas todos, contam. A comissão irá também procurar validar estes testemunhos em sigilo profissional, fazendo-o de diversas formas, para que cada qual sem medo, vergonha ou culpa, tenha finalmente um espaço de referência onde se sinta confortável para poder falar”, disse Pedro Strecht.

Durante a manhã fica disponível na internet um portal destinado a recolher testemunhos: https://darvozaosilencio.org.

Há também uma linha telefónica para o mesmo efeito, diariamente disponível entre as 10h00 e as 20h00: +3519171110000.

Os testemunhos podem também ser enviados por email (geral@darvozaosilencio.org), para um apartado disponibilizado no site da comissão ou presencialmente, mediante marcação.

Na conferência de imprensa de segunda-feira, que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi apresentada a composição da comissão: além do coordenador, inclui o psiquiatra Daniel Sampaio, o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, a socióloga e investigadora Ana Nunes de Almeida, a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e a cineasta Catarina Vasconcelos.
com Agência Lusa.
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