A Igreja Católica portuguesa vai apoiar a realização de um referendo sobre a eutanásia. A dias de serem discutidos no Parlamento cinco projetos-lei que pretendem despenalizar a prática, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) confirma em comunicado aquilo que alguns membros do clero tinham aventado nos últimos dias: que “a sociedade tem de ser ouvida sobre questões que são essenciais da própria vida” e que, para isso, é preciso um referendo.
Até aqui a posição da Igreja Católica era a de que questões relacionadas com a vida não eram referendáveis. Porém, tanto o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, como o bispo do Porto, Manuel Linda, tinham aberto a porta a uma união católica em torno da possibilidade de uma consulta popular. “Não podemos permitir que alguns deputados queiram decidir por nós”, afirmou o primeiro, ao passo que o segundo considerou que “seria mais deplorável [do que referendar a eutanásia] se 150 ou 200 pessoas impusessem os seus critérios a largos milhões de cidadãos”.
A posição oficial da Igreja foi anunciada esta terça-feira pelo porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa, que vincou uma alternativa. “A opção mais digna contra a eutanásia está nos cuidados paliativos como compromisso de proximidade, respeito e cuidado da vida humana até ao seu fim natural”.
O texto dos bispos portugueses recorda as palavras do papa Francisco aos profissionais de saúde, pedindo que tenham sempre em conta “a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos como a eutanásia, o suicídio assistido ou a supressão da vida, mesmo se o estado da doença for irreversível”.
A CEP considera que em Portugal “o debate deve continuar”.