Imprensa/Portugal. Dona da Visão apresenta plano de insolvência e convoca credores para recuperação

Dona da Visão apresenta plano de insolvência e convoca credores para recuperação

 

A administração da Trust In News (TIN) anunciou ontem a sua « intenção de apresentar um plano de insolvência », requerendo já a convocação de uma assembleia de credores para apresentação e fundamentação de um plano de recuperação.

A informação consta de um comunicado da administração do grupo de media que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, a que a Lusa teve acesso.

« Na sequência da reprovação do PER [Processo Especial de Revitalização], a TIN vai comunicar formalmente ao AJP [administrador judicial provisório] que nada tem a opor ao parecer de insolvência que venha a sugerir, na convicção de que a empresa continua a operar, e manifestando, desde já, a sua intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo-se, desde logo, a convocação de uma Assembleia de Credores para apresentação e fundamentação do plano de recuperação da empresa », lê-se na mensagem enviada aos trabalhadores.

A administração, liderada por Luís Delgado, refere que « a Trust In News sempre acreditou que o caminho da sua reestruturação e viabilização seria o mais consistente e positivo para todos os credores » e para os seus colaboradores, « que sempre contribuíram para uma comunicação social livre, independente e isenta, cumprindo com rigor os seus desígnios constitucionais ».

Mas, « lamentavelmente, e malogrados todos os nossos esforços no sentido de manter e estabilizar a nossa atividade, cuja reestruturação está em curso e a produzir efeitos positivos, chegamos ao momento onde somos forçados a assumir o próximo passo », lamenta a administração.

« Os 16 órgãos de comunicação social da TIN cobrem todos os tipos de leitores, em géneros, faixas etárias e classes sociais, têm uma relevância expressiva no mercado da comunicação social de papel e digital, mais de 20%, (dados da APCT), não só por todo o histórico, como pelo serviço de qualidade de informação que têm prestado ao longo destes sete anos », prossegue a administração.

Por isso, é « inimaginável conceber a comunicação social em Portugal sem a presença fundamental das revistas da TIN, que cumprem o seu dever constitucional de informar com rigor, qualidade e pluralidade. A obrigação de informar e ser informado é um princípio básico da nossa democracia e soberania nacional », enfatiza a administração da TIN.

« Entendemos, por isso, que uma insolvência cega e que determine a simples dissolução e liquidação da Trust In News irá deixar a comunicação social nacional mais pobre, e desprotegerá todos os colaboradores e credores, incluindo o próprio Estado », considera.

A administração esclarece também que, « na comunicação ao AJP, a TIN também esclareceu as dívidas ao Estado, com base em dados reais, de 2018 a 2024, para clarificar a narrativa distorcida que tem circulado sobre este assunto », agradecendo a todos « pelo trabalho e dedicação, apesar de tudo o que está a acontecer ».

O PER da Trust in News foi reprovado em 05 de novembro, com os votos da Autoridade Tributária (AT) e da Segurança Social, depois da administração ter informado os trabalhdadores de que tal iria acontecer.

« O plano da devedora », a TIN, « encontra-se reprovado », lê-se na informação enviada ao tribunal pelo administrador judicial provisório, em 05 de novembro, que detalha que o ‘chumbo’ resultou dos votos dos « credores cujos créditos correspondem a 61,16% do total dos créditos reconhecidos, correspondendo a 68,03% dos votos emitidos (apurando-se a abstenção em 10,10% do total) ».

Os créditos reconhecidos ascendiam a quase 33 milhões de euros (32.940.709,87 euros) e votaram contra cerca de 20 milhões de euros (20.148.007,16 euros).

Entre os credores que votaram contra o plano de revitalização estão a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), com um total de créditos reconhecidos de 8.125.545,20 euros, e o Instituto da Segurança Social (ISS), com 8.979.252,35 euros.

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