Indonésia vai mudar de capital porque Jacarta está a afundar-se. Há mais cidades em risco no mundo

A resident (top) carries a bucket of water through a flooded alleyway after heavy rains in Jakarta on February 8, 2018. The Jakarta Disaster Management Agency (BNPB) has issued a flood alert alert after heavy rains in Bogor, West Java, over the weekend, which flooded hundreds of homes along the Ciliwung river in Jakarta. / AFP PHOTO / BAY ISMOYO

Indonésia vai mudar de capital porque Jacarta está a afundar-se. Há mais cidades em risco no mundo

Foto/ DASRIL ROSZANDI/NURPHOTO/GETTY IMAGES

Mais de 10 milhões de pessoas vivem na ainda capital indonésia, estimando-se que cerca de 30 milhões habitem na grande área metropolitana. Estes números fazem de Jacarta uma das regiões urbanas mais densamente povoadas do mundo, sendo também uma das cidades que mais rapidamente se estão a afundar, diz o Fórum Económico Mundial. Mas não é a única

Alfa/Expresso. Por Hélder Gomes

Uma área de mato no leste da ilha de Bornéu será transformada em breve na nova capital da Indonésia. Jacarta tem vindo a afundar-se literalmente e a um ritmo assustador, o que levantou questões de sustentabilidade e a necessidade de uma nova capital. A mudança foi anunciada no início desta semana pelo Presidente do país, Joko Widodo.

Segundo um relatório do Fórum Económico Mundial (FEM), as cidades da Ásia serão particularmente atingidas pela subida do nível das águas mas também os continentes americano, europeu e africano serão afetados.

A localização proposta fica muito distante da sobrelotada cidade que serve de coração financeiro da Indonésia desde 1949. O chefe de Estado reconheceu que mudar a capital do país para aquela ilha será um empreendimento gigantesco e dispendioso. “Enquanto nação grande e independente há 74 anos, a Indonésia nunca escolheu a sua própria capital. O fardo que Jacarta está a carregar atualmente é muito pesado [para se manter] como centro da governação, negócios, finanças, comércio e serviços”, disse Widodo num discurso televisivo, registado pela agência de notícias France-Presse.

JACARTA É SOBREPOVOADA, PROPENSA A INUNDAÇÕES E MUITO POLUÍDA

De acordo com as Nações Unidas, vivem na ainda capital indonésia mais de 10 milhões de pessoas, estimando-se que cerca de 30 milhões habitem na grande área metropolitana. Estes números fazem de Jacarta uma das regiões urbanas mais densamente povoadas do mundo. É também uma das cidades que mais rapidamente se estão a afundar, segundo o FEM, precipitando-se no Mar de Java a um ritmo alarmante devido à extração excessiva de águas subterrâneas.

Jacarta encontra-se num terreno pantanoso e tem o mar a norte, circunstâncias que a tornam especialmente propensa a inundações. A poluição atmosférica, agravada pelo quase constante congestionamento de trânsito nas suas estradas, só piora a situação.

Ainda não foi anunciado o nome daquela que será a nova capital indonésia, uma mudança que ainda carece de aprovação parlamentar para prosseguir. O país detém a maior parte de Bornéu, a terceira maior ilha do mundo. A segunda maior porção pertence à Malásia e a menor parte ao Brunei. Nos últimos anos, a ilha, coberta por florestas tropicais, tem sido alvo de uma desflorestação desenfreada.

MAIS DE 90 CIDADES DOS EUA COM INUNDAÇÕES CRÓNICAS

Relatório de Riscos Globais 2019, publicado pelo FEM em janeiro, já tinha alertado que, nalgumas partes de Jacarta, o solo afundara 2,5 metros em menos de uma década, enquanto os níveis do mar subiram mais de 3 metros nos últimos 30 anos. Mas o documento não se ficava pela capital indonésia, advertindo que cerca de 90% das áreas costeiras de todo o mundo serão afetadas em diferentes graus.

As cidades asiáticas serão particularmente atingidas, refere o relatório. Cerca de quatro em cada cinco pessoas afetadas pela subida do nível das águas até 2050 viverão no leste e sudeste da Ásia.

Nos EUA, ficarão sobretudo vulneráveis as cidades da costa leste e da costa do golfo. Atualmente, mais de 90 cidades costeiras americanas já estão a sofrer inundações crónicas. Esse número deverá duplicar até 2030, estima o relatório do FEM.

“CIDADES DO DELTA” COM MAIS DE 340 MILHÕES DE PESSOAS

Cerca de três quartos de todas as cidades europeias serão também afetadas, especialmente na Holanda, em Espanha e em Itália.

Também o continente africano está altamente ameaçado, devido à rápida urbanização nas cidades costeiras e à aglomeração de populações pobres em povoações informais ao longo das costas.

As chamadas “cidades do delta” estão na linha da frente do impacto da subida das águas. Mais de 340 milhões de pessoas vivem em cidades como Daca (no Bangladesh), Guangzhou (China), Cidade de Ho Chi Minh (ou Saigão, no Vietname), Hong Kong, Manila (Filipinas), Melbourne (Austrália), Miami, Nova Orleães e Nova Iorque (as três nos EUA), Roterdão (Holanda), Tóquio (Japão) e Veneza (Itália), indica o relatório.

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