Israel recusa vistos a funcionários da ONU. Em questão, um discurso de Guterres que Israel criticou

ONU « a dialogar » com Telavive sobre vistos bloqueados a funcionários

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Alfa/ com Lusa linkedin sharing button
whatsapp sharing buttonAs Nações Unidas « estão a dialogar » com o Governo israelita sobre os vistos bloqueados ou negados aos seus funcionários, incluindo o do chefe humanitário da organização, Martin Griffiths, adiantou hoje o porta-voz do secretário-geral da ONU.

Stéphane Dujarric desvalorizou hoje o anúncio do embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, de que o seu país irá recusar vistos a representantes das Nações Unidas argumentando que « é altura de lhes dar uma lição ».

Dujarric afirmou que o anúncio não está a afetar, por enquanto, o trabalho dos funcionários da ONU em Israel.

« Falei com os meus colegas em Jerusalém e eles continuam os seus contactos a todos os níveis com os seus homólogos, quer estejam no Governo ou no exército, e os contactos prosseguem normalmente », disse.

O representante de António Guterres insistiu que não se registou « qualquer alteração ou diminuição do estatuto » dos seus trabalhadores no terreno, em Israel e na Palestina.

No que diz respeito ao estatuto de Griffiths, Dujarric afirmou que este se encontra atualmente em Genebra (a sua residência habitual) e expressou o desejo do secretário-geral de que « tal como qualquer outro gabinete que trabalhe para o secretariado », « todos os Estados-membros facilitem o trabalho dos funcionários da ONU em deslocação oficial ».

Quanto aos pedidos de demissão de Guterres feitos esta terça-feira pelo embaixador israelita junto da ONU e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, Dujarric recusou-se a fazer qualquer comentário: o secretário-geral « não vai comentar todos os pedidos de demissão de um Estado-membro », disse.

Na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, António Guterres considerou que « é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo », acrescentando que « o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante ».

António Guterres defendeu que « as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas », assim como « esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano ».

No início da sua intervenção, o secretário-geral da ONU referiu que condena « inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel » e disse que « nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis – ou o lançamento de foguetes contra alvos civis ».

Na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 07 de outubro com um « discurso chocante ».

Na rede social X, ex-Twitter, o embaixador israelita na ONU, Gilled Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização.

Hoje, Gilled Erdan anunciou a decisão de Israel de não conceder vistos a representantes da ONU, numa entrevista à Rádio do Exército israelita.

O Hamas – considerado como um grupo terrorista pela União Europeia (UE) e Estados Unidos, entre outros – lançou um ataque surpresa e sem precedentes a Israel no dia 07 de outubro, que se saldou na morte de mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e na captura de 220 reféns, desencadeando um conflito que cumpre hoje o 19.º dia.

Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e iniciou uma campanha de bombardeamentos sobre a Faixa de Gaza, território controlado pelo grupo islamita desde 2007, que ainda prosseguem. Também impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os bombardeamentos israelitas sobre Gaza já mataram mais de 6.500 pessoas, dos quais quase metade crianças, e causaram mais de 17.000 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde local.

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