João Pinharanda deixa Temporada Cruzada Portugal-França por « razões profissionais e pessoais »


Motivos « profissionais e pessoais » ditaram o pedido do historiador e curador de arte João Pinharanda para deixar de ser coordenador da programação cultural, no quadro da Temporada Cruzada Portugal-França 2021/22, como explicou hoje à agência Lusa.

« As minhas razões são de ordem profissional e de ordem pessoal », explicou João Pinharanda, que também é conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em França, e diretor em Paris do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

A decisão do curador foi publicada hoje, em Diário da República, oficializando assim a sua saída da Temporada Cruzada Portugal-França 2021/22, que visa promover o intercâmbio cultural entre os dois países.

Sucede-lhe Manuela Júdice, secretária-geral da Casa da América Latina, como já tinha sido anunciado há um mês, no final do Conselho de Ministros de 25 de março, que fixou a estratégia e os meios para organizar a participação portuguesa na Temporada, a decorrer em 2022.

Profissionalmente, a missão de seis anos de João Pinharanda na embaixada portuguesa, em Paris, vai chegar ao fim no próximo mês de junho.

Devido aos atrasos na concretização da Temporada Cruzada Portugal-França, originados pela crise sanitária, a sua permanência na capital francesa não se poderia alargar para lá de fevereiro de 2022, fazendo com que não pudesse acompanhar o projeto.

« Se a temporada não tivesse sido adiada, as missões podem ser prolongadas seis meses, havendo uma justificação, para além do prazo legal. […] Assim era impossível e teria de ser um ano e meio de prolongamento », explicou.

Assim, com a temporada a realizar-se inteiramente em 2022, caberá a Manuela Júdice, secretária-geral da Casa da América Latina, prosseguir os trabalhos como coordenadora deste projeto intercultural entre os dois países.

« Quem me sucede é uma pessoa de quem eu gosto muito e que tem uma energia muito boa e firme, que vencerá melhor as dificuldades que tem pela frente », indicou.

Em 2018, Manuela Júdice comissariou a participação de Portugal como país convidado na Feira do Livro de Guadalajara, no México.

No seu regresso a Portugal, João Pinharanda vai voltar a fazer parte dos quadros da Fundação EDP, prevendo ainda participar de forma cooperativa com as iniciativas em Portugal da Temporada Cruzada.

Deste modo, a saída do projeto sem a sua concretização, não se apresenta como algo frustrante para o curador.

« Não tenho frustrações. Eu sou alguém que gosta muito de fazer planos e projetos, mas depois não tenho alma de produtor. […] Do ponto de vista de conceptualização fiz tudo o que era preciso fazer e estou muito satisfeito com isso, não quer dizer que esteja já tudo feito. Estamos a entrar na fase da produção », detalhou.

No dia 25 de abril termina a segunda fase de candidaturas dos projetos portugueses e franceses que queiram fazer parte deste evento, e a próxima reunião de coordenação entre a equipa portuguesa e a equipa gaulesa acontece já no mês de maio.

A Temporada Cruzada vai contar com vários eventos nos dois países de âmbito cultural, mas centrando-se também em temáticas como a educação, o ambiente ou a gastronomia para promover as duas culturas e aproximar Portugal e França.

O objetivo da Temporada Cruzada é “aprofundar a ligação entre Portugal e França em diversos domínios, apostando numa forte difusão da imagem moderna e criativa de Portugal e, ao mesmo tempo, ampliar a presença de Portugal em França e vice-versa”, lê-se na resolução aprovada pelo Governo.

No final do Conselho de Ministros de 25 de março, foi anunciado que a Temporada Cruzada contará com uma programação multidisciplinar, a decorrer entre fevereiro e outubro de 2022, com um orçamento previsto de um milhão de euros.

Na área da Cultura, o Governo anunciou em 2019 que a programação da Temporada Cruzada terá como tema central a igualdade de género, com o objetivo “de conferir maior visibilidade e prestar o devido reconhecimento às mulheres na história das artes, nas suas diversas manifestações artísticas e culturais”.

As entidades que farão a gestão administrativa e do projeto são o Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais e o Camões Instituto, “contando com uma rede de pontos focais e o envolvimento de demais áreas governativas”, segundo a tutela da Cultura.

 

Com Agência Lusa.

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