Julgamento dos ataques terroristas de janeiro de 2015 em Paris começa hoje
Para além do ataque ao Charlie Hebdo levado a cabo pelos irmãos Kouachi e no qual foram abatidas a tiro 12 pessoas, estão também em causa os ataques perpetrados por Amedy Coulibaly, com a morte de uma polícia em Montrouge, nos arredores da capital, e a morte de outras quatro pessoas num supermercado judeu, também na porte de Vincennes, no limite da cidade de Paris.
Os irmãos Kouachi, tal como Coulibaly, que terão coordenado os seus ataques, foram mortos pela polícia após os seus atentados, e os 14 acusados neste processo são pessoas que os ajudaram materialmente ou que contribuíram para a sua radicalização, sendo considerados como cúmplices.
Três suspeitos nestes ataques, os irmãos Belhoucine e Hayat Boumeddiene (companheira de Amedy Coulibaly), vão ser julgados à revelia.
Também hoje, a revista satírica Charlie Hebdo republica na sua edição as caricaturas de Maomé que a transformam num alvo dos ‘jihadistas’, um número especial que marca o início do julgamento.
Na capa, gravuras do profeta muçulmano, inicialmente publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 2005 e também uma caricatura feita por Cabu, morto no atentado de 07 de janeiro de 2015, acompanhados pela pergunta: “Tudo por isto?”.
« Pediram-nos com frequência, depois de janeiro de 2015, para publicarmos outras caricaturas de Maomé. Mas nós sempre recusámos, não porque seja proibido, a lei autoriza-nos a fazê-lo, mas porque era preciso uma boa razão para o fazermos », justificou a equipa do jornal num artigo neste número especial.
O ataque à revista satírica chocou o mundo inteiro e as 12 pessoas foram abatidas a sangue frio.
As audiências do julgamento, que começam esta quarta-feira e deverão prolongar-se até 09 de novembro, vão ter 49 sessões.