Lavar as mãos antes e depois de votar. Participação baixa nas eleições municipais francesas

Lavar as mãos antes e depois de votar. Participação baixa nas eleições municipais francesas (Alfa/Expresso).

Participação às 12h locais era a mais baixa em pelo menos quatro décadas. Mesas de voto adotam medidas sanitárias e ninguém sabe se haverá segunda volta dentro de uma semana.

Por Daniel Ribeiro

Devido à crise do novo coronavírus, a votação para a primeira volta das eleições autárquicas francesas decorre, este domingo, num ambiente singular, por vezes angustiante e jamais visto.

Depois de toda França ter entrado numa fase de elevada limitação de mobilidade (fecho de cafés, bares, restaurantes, cinemas, museus e todos os locais públicos “não-essenciais”… mas com corrida aos supermercados), os eleitores foram chamados a votar para aquele que é o escrutínio mais amado pelos franceses – a eleição dos seus “maires” (presidentes de câmara) e outros autarcas.

A participação era, às 12h locais (11h em Portugal), de 18,38%, cinco pontos abaixo da eleição municipal anterior, há seis anos, e sem par nos últimos 40. Tudo indica que a abstenção será forte, embora deva ser menor do que se chegou a prever. A esta hora não é possível dizer se a segunda volta, agendada para o próximo domingo, dia 22, se realizará.

CONTAR VOTOS ENVERGANDO MÁSCARA

Está sol em Paris, muitas pessoas estão a votar, apesar da ansiedade que se sente nos seus olhares e dos fortes alarmes sanitários (medidas drásticas e, segundo um balanço de ontem ao fim da tarde, 91 mortos, 300 doentes em estado grave, 4499 infetados).

A situação é de grave apreensão nalguns locais de voto. Alguns dos assessores e escrutinadores das mesas eleitorais estão com máscaras. E os eleitores são obrigados a lavar as mãos antes e depois de votar, constatou o Expresso em três assembleias de voto do norte da capital.

O mais incrível é a imagem de pessoas a votar numa cidade que, sem esplanadas, cafés, restaurantes e bares, não é a mesma Paris que sempre conhecemos.

ADIAMENTOS HISTÓRICOS

Existe precedente de adiamento de eleições em França. Há mais de um século, decidiu-se protelar por três anos as eleições municipais de 1916, devido à Primeira Guerra Mundial. O mesmo em 1941, por causa da Segunda Guerra Mundial. Os franceses votaram apenas em 1945, após a libertação da ocupação nazi e dez anos depois das anteriores municipais.

Já em 2007, foi a acumulação de eleições que levou ao adiamento das eleições municipais por um ano. Houve presidenciais e legislativas, ambas disputadas a duas voltas, em abril, maio e junho desse ano, pelo que as locais ficaram para março de 2008.

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