Liga dos Campeões/PSG/Lisboa. Quando um lusodescendente pôe na ordem um colega francês

Alfa

Estavam lá mais alguns, na esplanada do Banana Café, a assistir ao jogo, na avenida da Liberdade, no centro de Lisboa.

Mas eram discretos, sem camisolas nem outros distintivos visíveis. Apenas se revelavam apoiantes do PSG quando a equipa marcava, fazia uma boa jogada ou falhava algum golo. Aplaudiam, tal como faziam aliás, por vezes, os portugueses e outros estrangeiros que assistiam à meia-final na enorme esplanada. Alguns dos franceses até estavam com crianças.

Tudo decorria num ambiente calmo e « bon enfant » até que, já perto do fim do jogo, chegaram três jovens, que ocuparam de rompante duas mesas deixadas vagas por, presumivelmente, adeptos alemães que partiram certamente descontentes com o rumo do jogo e quando a derrota da sua equipa, o Leipzig, já era uma certeza.

Um dos jovens, que um pouco mais tarde se revelaria ser lusodescendente, disse para o chefe dos três, o mais eufórico: « Pá, não podemos sentar-nos aqui assim, temos de comprar qualquer coisa! ».  « O quê? que se lixe, fazemos o que queremos, on est chez nous (estamos em nossa casa)! », respondeu o chefe.

Passaram alguns minutos, durante os quais o lusodescendente convenceu em voz baixa o amigo de que era preciso cumprir regras, também nas esplanadas portuguesas, tal como acontece em França.

Os empregados do Banana não precisaram de os chamar à atenção para o « consumo obrigatório ». O lusodescendente ocupou-se disso. O chefe levantou-se e foi ao balcão pedir uma sandes e três cervejas (depois das 20h, em Lisboa, só se vendem bebidas alcoólicas se o cliente comer qualquer coisa).

Mas, ao balcão, o chefe virou-se e chamou o amigo: « Pá, vem cá, eles não me compreendem! ». E lá foi o lusodescendente fazer a encomenda em português… e o ambiente continuou « bon enfant ».

Durante e depois do jogo, não se verificaram incidentes de relevo em Lisboa.

O ambiente esteve mais quente na Praça das Nações ou no Mercado da Ribeira, onde havia mais animadas « claques » com algumas centenas de apoiantes do PSG, mas tudo decorreu mais ou menos normalmente nas margens do Tejo ou na avenida da Liberdade, os Campos Elíseos locais que, na noite passada, foram incomparavelmente mais calmos do que os « Champs » de Paris.

 

Article précédentCovid-19/Mundo: Mais de 780 mil mortos e 22 milhões de infetados em todo mundo
Article suivantCovid-19/Portugal: Mais 2 mortos e 253 casos em 24h. Um bebé de 4 meses entre as vítimas mortais