Luís Pitarma, o enfermeiro português de Boris Johnson

Quem é Luís Pitarma, um dos enfermeiros de Boris Johnson? – um trabalho do Expresso para ler na íntegra e na versão original em expresso.pt. É de Aveiro, tem 29 anos e chegou a Londres há seis. Estudou enfermagem em Lisboa. A sua identidade foi revelada por Marcelo Rebelo de Sousa, que já falou com o português

“De Portugal, perto do Porto.” Mas o perto é relativo e, neste caso, fica a mais de 70 quilómetros de distância, em Aveiro. A expressão foi usada por Boris Johnson para descrever a origem de um dos enfermeiros que esteve a seu lado durante as horas mais complicadas do internamento nas unidades de cuidados intensivos. Chama-se Luís Pitarma, é português e já falou com Marcelo Rebelo de Sousa – aliás foi o próprio Presidente que confirmou a identidade do enfermeiro.

O Expresso tentou contactar Luís através do hospital onde exerce funções, o St. Thomas, mas aquela unidade de saúde assegurou que o enfermeiro “não está disponível para entrevistas.”

De acordo com o perfil de Luís Pitarma no Linkedin, trabalha neste hospital de Londres há quatro anos, onde começou na categoria profissional de enfermeiro e no ano passado passou a enfermeiro senior. Desde outubro, pertence ao programa de oxigenação por membrana extracorporal (ECMO), uma procedimento aplicado em situações de insuficiência respiratória. Foi também esta especialização que fez com que se cruzasse com Boris Johnson nos cuidados intensivos, quando o primeiro-ministro britânico piorou devido à covid-19.

E foi Johnson que fez questão de sublinhar as qualidades profissionais do enfermeiro português, que o observou “todos os segundos da noite, a pensar e a cuidar e a fazer as intervenções” necessárias durante as 48 horas “em que as coisas poderiam ter dado para o torto”.

Luís tem 29 anos, feitos nos primeiros dias do ano. Apesar de ser de Aveiro, foi para Lisboa estudar na Escola Superior de Enfermagem. Durante esse período fez parte do programa Erasmus, tendo estado em intercâmbio na Universidade de Ciências Aplicadas, em Lahti, no sul da Finlândia.

Alguns meses depois do fim da licenciatura, Luís mudou-se para o Reino Unido e, em 2014, começava a trabalhar como enfermeiro no Hospital Universitário Luton e Dunstable, também do serviço nacional de saúde, em Luton, nos arredores de Londres. Ali permaneceu por dois anos, até passar para o Hospital de St. Thomas. Entretanto preencheu o currículo com vários cursos e formações na área dos cuidados de saúde em instituições como o centro académico de King’s Health Partner, na Universidade de London South Bank e, mais recentemente, no Royal Free Hospital, uma das unidades de saúde de referência para o ensino.

De acordo com os dados mais recentes da Nursing and Midwifery Council, a instituição que regula a profissão no Reino Unido e que exige inscrição dos profissionais para exercerem, em 2018/2019, existiam 33,035 enfermeiros com origem de países da União Europeia (onde estão incluídos os profissionais portugueses) e 73,308 de países de fora da UE.

Este domingo, depois do agradecimento público do primeiro-ministro britânico, Luís Pitarma recebeu uma chamada de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República telefonou ao enfermeiro português, agradecendo-lhe o “seu trabalho e vigilância durante o internamento nos cuidados intensivos” de Boris Johnson, assim como “o empenho de todos os profissionais de saúde portugueses que em Portugal e em todo o mundo estão a prestar uma ajuda decisiva no combate à pandemia”.

“Uma palavra de estímulo que se dirige ainda aos profissionais de outras nacionalidades que, reforçando o Serviço Nacional de Saúde, prestam um serviço inestimável a Portugal”, pode ler-se na nota publicada na página da presidência.

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