Foto de abertura: Ricardo Stuckert
Emmanuel Macron recebeu Lula da Silva no palácio do Eliseu. O porta-voz do Governo francês, Gabriel Attal, negou que a visita represente uma « ingerência no debate político nacional no Brasil ». Mas Lula foi recebido com honras de chefe de Estado.
O encontro, um almoço no palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente francês, focou-se « nos últimos desenvolvimentos na cena internacional », segundo um comunicado da Presidência francesa.
Luiz Inácio Lula da Silva « partilhou a sua visão sobre o papel do Brasil no mundo, constatando que nos últimos três anos o país afastou-se do quadro multilateral e dos grandes acordos internacionais » e lamentou « o abrandamento da integração regional na América Latina, quando o continente deveria ter um papel face aos grandes desafios globais », relata o mesmo comunicado.
Emmanuel Macron, por seu lado, insistiu « no seu combate por um multilateralismo eficaz », nomeadamente nos temas da pandemia de covid-19 e do clima, e apresentou a Lula da Silva « a sua visão por uma Europa mais soberana, mais democrática e mais unida, desempenhando um papel de potência de equilíbrio na cena internacional », acrescenta.
O porta-voz do Governo francês, Gabriel Attal, negou que a visita represente uma « ingerência no debate político nacional no Brasil ».
Lula da Silva foi presidente do Brasil entre 2003 e 2011 e na segunda-feira assumiu-se « pronto » para participar nas eleições presidenciais do seu país.
Esta semana, encontra-se em visita à Europa, com passagens por Bruxelas, Berlim, Paris e Madrid.
Em Paris, Lula, de 76 anos, reuniu-se também hoje com o líder da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, após se encontrar na véspera com a socialista Anne Hidalgo, ambos candidatos às presidenciais de abril.
Emmanuel Macron e Lula têm, por motivos diferentes, críticas contra o acordo comercial UE-Mercosul, concluído em 2019, mas ainda não ratificado entre a União Europeia e o Mercosul.
Macron critica o acordo por motivos ligados aos compromissos climáticos, enquanto Lula acredita que ele contribui para desindustrializar o Brasil.
O Presidente francês opôs-se violentamente ao seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a cimeira do G7 em Biarritz em 2019, por causa da gestão dos incêndios florestais na Amazónia e chegou mesmo a receber o líder indígena brasileiro Raoni Metuktire, inimigo declarado do chefe de Estado brasileiro.