O lusodescendente Félix Braz, filho de imigrantes algarvios, vai ser vice-primeiro-ministro no novo Governo do Grão-Ducado do Luxemburgo, uma reedição da coligação entre DP, socialistas e Verdes, que governou nos últimos cinco anos, liderada por Xavier Bettel.
O congresso extraordinário dos ecologistas aprovou esta noite o programa governamental, com 213 votos a favor, dois brancos e duas abstenções, tendo igualmente confirmado a nomeação de Félix Braz para um dos dois cargos de vice-primeiro-ministro da coligação, atribuídos aos Verdes e aos socialistas, mantendo o lusodescendente igualmente a pasta da Justiça.
Para Félix Braz, a atribuição aos ecologistas de um dos cargos de vice-primeiro-ministro, que no anterior Governo fora da responsabilidade exclusiva dos socialistas, é « uma confirmação dos bons resultados eleitorais dos Verdes ».
Os Verdes foram um dos grandes vencedores das eleições legislativas de 14 de outubro, com mais três deputados do que em 2013, subindo de seis para nove assentos no Parlamento, tendo o DP de Xavier Bettel perdido um deputado, ficando com 12, e os socialistas (LSAP) três, totalizando dez.
Félix Braz foi mandatado para representar o partido nas negociações para a formação do Governo, tendo os ecologistas conseguido mais pastas que no anterior executivo, dez no total (contra 14 do DP e 13 dos socialistas), e assegurado também um dos dois cargos de vice-primeiro-ministro.
Filho de portugueses de Castro Marim que chegaram ao Luxemburgo nos anos 1960, Félix Braz, de 52 anos, está habituado a ser o primeiro lusodescendente nos vários cargos que foi assumindo, da política municipal à política nacional, embora diga sempre que espera « não ser o único ».
O lusodescendente nasceu em 16 de março de 1966 em Differdange, no sul do Luxemburgo, e obteve a nacionalidade luxemburguesa em 1984, quando fez 18 anos. Frequentou Direito na Sorbonne, em Paris, capital francesa, curso que não chegou a concluir. Foi convidado para fazer o primeiro programa de rádio em português na RTL, entre 1990 e 1991, e mais tarde propuseram-lhe ser secretário do grupo parlamentar dos Verdes, cargo que ocupou até 2000.
Em 1994 foi eleito pela primeira vez para a autarquia de Esch-sur-Alzette, ainda como conselheiro municipal, tendo assumido o cargo de vereador em 1999. Em 2004, com 38 anos, tornou-se no primeiro deputado – e até hoje o único – com origem portuguesa no Luxemburgo.
Em dezembro de 2013, tornou-se também no primeiro lusodescendente a assumir o cargo de ministro no Luxemburgo, com a pasta da Justiça, tendo sido responsável pela nova lei da nacionalidade, que entrou em vigor em abril de 2017. Os congressos dos três partidos da coligação aprovaram esta noite o programa governamental e os nomes dos membros do novo executivo, que volta a ser liderado pelo primeiro-ministro Xavier Bettel.
Os membros do Governo luxemburguês deverão tomar posse já na quarta-feira.