Macron admite aplicar “severidade” contra violência nos protestos dos “coletes amarelos”

 O Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu hoje “medidas severas” contra “comportamentos inaceitáveis” nas manifestações dos “coletes amarelos”, indicou o porta-voz do Governo Benjamin Griveaux após um conselho de ministros.

“Existem sofrimentos legítimos que é preciso entender, mas também comportamentos inaceitáveis. Devemos ser intransigentes com a ordem pública. Não podemos aceitar as duas pessoas que morreram, os feridos entre os manifestantes e as forças da ordem, nem os propósitos racistas, antissemitas e homofóbicos”, acrescentou, em declarações aos media.

“A resposta do Estado foi firme e a severidade será aplicada como tem sido aplicada desde o primeiro dia”, sublinhou.

O porta-voz sublinhou que o Governo se prepara para promover “soluções visíveis nas próximas semanas” e que “vão incluir as forças de transformação do país: eleitos locais, coletividades locais, responsáveis sindicais e patronais”.

O movimento dos “coletes amarelos” parecia estar hoje a abrandar ao quinto dia de mobilização, antes de uma concentração marcada para sábado em Paris.

Segundo Benjamin Griveaux, o movimento “inclui uma parte de verdade com o sentimento de desqualificação real para as pessoas que desde há muitos anos veem o seu horizonte em recuo”.

“Devemos explicar melhor e ter em consideração a diferença evidente entre as medidas aplicadas nos textos votados e o que altera o quotidiano dos nossos cidadãos”, acrescentou.

O porta-voz do Governo também recordou as medidas de apoio anunciadas na semana passada, incluindo um cheque energia alargado e um ‘super prime’ para a conversão de veículos, e que poderá alcançar 4.000 euros para as famílias mais pobres.

Os « coletes amarelos » são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos criado espontaneamente nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa.

O movimento, que começou contra o aumento do imposto sobre o combustível e alargou os protestos contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o executivo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética no país.

Desde o início desta mobilização popular contra o aumento dos preços dos combustíveis, no passado sábado, contam-se já dois mortos e cerca de 530 feridos.

Os “coletes amarelos” convocaram novos bloqueios para o próximo sábado, com o objetivo de obrigar Paris a parar.

Alfa/Lusa.

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