Autópsia de lusodescendente Maëlys de Araújo desmente que causa da morte tenha sido murro na cara. A análise do crânio da menina de nove anos contradiz a versão do ex-militar Nordahl Lelandais, que confessou tê-la matado “acidentalmente”. E, esta quarta-feira, Lelandais foi acusado de ter agredido sexualmente uma outra menina, de seis anos, sua prima. Depois da morte de Maëlys, o homicida já tinha confessado ter matado, também “acidentalmente”, um soldado de 23 anos.
As acusações contra o antigo militar francês Nordahl Lelandais, de 35 anos, acumulam-se depois da morte de Maëlys de Araújo, de nove anos de idade e filha de um português, já nascido em França, e de uma francesa.
Lelandais foi esta quarta-feira acusado de “agressão sexual” contra uma sua prima, de seis anos, alegadamente cometida uma semana antes da festa de casamento, na noite de 26 para 27 de agosto de 2017, em Pont-de-Beauvoisin, na região da Isère, durante a qual Maëlys foi raptada e desapareceu.
O corpo da lusodescendente só foi encontrado em fevereiro deste ano, depois de Lelandais ter confessado o crime “acidental” e indicado o local exato, numa montanha, para onde tinha lançado o seu cadáver.
A nova acusação judicial de “agressão sexual com menor de 15 anos” contra o ex-militar surge depois de os investigadores terem analisado os seus telefones móveis. Entre os filmes com pornografia infantil que encontraram, um deles mostrava uma criança a ser “tocada” enquanto dormia. Familiares da menina de seis anos confirmaram a identidade da criança – era uma prima de Lelandais, abusada quando estava em sua casa, segundo o advogado da família da vítima.
Nordahl Lelandais está internado numa unidade psiquiátrica de uma prisão da região de Grenoble, no leste de França, por suspeita de ser um criminoso e predador sexual em série.
Além de Maëlys, também confessou ter morto “acidentalmente” o soldado Arthur Noyet, de 23 anos, igualmente no leste de França. Sobre a morte deste último, reconheceu ter-lhe dado boleia no seu carro depois de uma “noite de copos”, em Chambéry, em abril de 2017. Confrontado com as provas reunidas pela investigação, acabou por reconhecer que Noyet morreu numa queda fatal numa escarpa montanhosa da Sabóia (região vizinha da Isère) depois de uma rixa entre ambos.
Autópsia desmente Lelandais
Sobre a morte da criança lusodescendente disse que o seu falecimento aconteceu depois de ele lhe ter dado um murro na cara, “para a acalmar”, dentro do seu carro, onde ela tinha alegadamente entrado para “ir ver os seus cães” (Lelandais tinha sido treinador de cães no exército).
Os restos mortais da menina apenas foram encontrados meses depois já muito deteriorados pelas intempéries e por animais selvagens.
No entanto, a autópsia aos pedaços de vestuário e aos ossos de Maëlys, contradizem a versão “acidental” de Lelandais. De acordo com informações fidedignas divulgadas em França desde terça-feira, a lusodescendente apresenta diversas fraturas no crânio e na maxila, mas nenhuma delas é a causa da morte. “A autópsia não conseguiu demonstrar como Maëlys morreu nem se sofreu violências sexuais”, informou o canal BFMTV, que revelou os resultados provisórios das análises.
Os restos mortais da pequena Maëlys foram entregues aos seus pais no mês de maio e o funeral ocorreu no início de junho, ou seja, nove meses depois da sua morte.
Até agora, os especialistas que tentam definir o perfil de Nordahl Lelandais ainda não chegaram a conclusões definitivas, mas sublinham que, em termos sexuais, ele parece ter inclinações “para mulheres e homens”. A defesa garante que ele tem “uma sexualidade adulta”.
Psiquiatras que o observaram escreveram que ele tem “uma personalidade de tipo perverso, mas sem doença mental”. “É um homem que não apresenta uma perigosidade psiquiátrica, mas sim uma perigosidade criminológica”, segundo indicou uma fonte judicial citada pela imprensa.