Marcelo anunciou a recandidatura a Belém. Ana Gomes não será candidata. Informa o Expresso

Marcelo anunciou a recandidatura. Ana Gomes não será candidata – Express0

Estava para ser em novembro mas acabou por ser em maio, na Autoeuropa. Costa manifestou apoio a um segundo mandato de Marcelo. E Marcelo entusiasmou-se, deitou fora o tabu e ‘anunciou’ que vai ao segundo round. Ana Gomes comentou ao Expresso: “Mantenho que o PS deve ter um candidato próprio. E mantenho que não sou candidata”

Alfa/Expresso. Por Ângela Silva (extratos)

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à conversa com o primeiro-ministro, António Costa, durante uma visita à fábrica da Autoeuropa, em Palmela, esta quarta-feira

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Foi uma declaração de candidatura indireta descrita desta forma pela repórter do Expresso:

« António Costa não informou Marcelo Rebelo de Sousa do que iria dizer na visita a dois à Autoeuropa. Tinham combinado ir juntos, como aconteceu em 2016 pouco após Marcelo chegar a Belém. E quando o anfitrião da fábrica alemã os desafiou para marcarem já a data da próxima visita, Costa sussurrou a Marcelo: « Vai ver, tenho aqui uma data preparada ».

O Presidente não suspeitou do que ali vinha. Mas quando ouviu o primeiro-ministro sugerir que lá voltassem daqui a um ano já com ele reeleito, entusiasmou-se e avançou – de forma genérica mas inspiradora – para o anúncio indireto de que será recandidato.

Eis o que disse Marcelo: « Vamos continuar a confiar nos portugueses, vamos ultrapassar os efeitos económicos e sociais desta pandemia. E eu cá estarei, este ano, no ano que vem e nos próximos. Isto é um espírito de equipa que se criou e que nada vai quebrar ».

Por segundos, o Presidente percebeu que não podia pôr a carroça à frente dos bois e corrigiu: « Cá estaremos em qualquer caso. Não nos podemos substituir à vontade do povo português ». Mas se o povo quiser, ficámos a saber, não será por falta de comparência do próprio que o povo perderá o Presidente dos afetos.

Embalado pelo apoio do líder do PS – e o PS são muitos votos, tanto mais importantes quanto menos valem hoje os votos à direita -, Marcelo precipitou o anúncio que tinha começado por empurrar para novembro.

Porquê agora? (…)

Mas « também pode ter sido a necessidade de arrumar esta questão e travar as veleidades de alguns socialistas que queriam um candidato próprio ». E há ainda uma terceira hipótese – Marcelo não exclui que António Costa tenha desejado quanto antes firmar uma espécie de pacto com o Presidente, de quem sabe ter muito a contar nos próximos tempos, sobretudo perante a crise económica e social que aí vem.

Sempre que Marcelo alimentava o tabu sobre a sua recandidatura, ora alegando razões de saúde, ora razões familiares, o primeiro-ministro tentava forçar o Presidente a desfazê-lo e a anunciar que era recandidato, sabe o Expresso. E se em momentos de maior tensão entre ambos, Marcelo Rebelo de Sousa chegou a temer que Costa se distanciasse nas presidenciais – a verdade é que vários barões socialistas, de Ferro Rodrigues a Carlos César passando por Augusto Santos Silva (que ainda na semana passada classificou « otimamente bem » a forma como têm decorrido as relações PR/PM), se foram encarregando de abrir espaço para que o PS não obstaculize a recandidatura do Presidente.

Mesmo que não haja um apoio formal, o PS pode sempre fazer o que o PSD de Cavaco Silva fez com Mário Soares, quando sem lhe dar apoio explícito anunciou que o PSD não apresentaria candidato, o que se traduziu num apoio indireto a Soares.

Ao Expresso, Ana Gomes – a diplomata e ex-eurodeputada pelo PS que tem sido empurrada por várias vozes de dentro e de fora do seu partido para se candidatar – fez esta declaração após ouvir Marcelo e Costa: « Mantenho a minha perspetiva de que o PS devia ter um candidato próprio. E mantenho que não sou candidata ».

(…)

Para Marcelo, a partir de agora o desafio é outro. Saber como gerir uma campanha que o próprio desejou curta e que agora contribuiu para alongar. Em autodefesa, o Presidente pode sempre dizer o que disse aos jornalistas na Autoeuropa: que « é prematuro » tirar conclusões. Mas é demasiado tarde: o tabu da recandidatura morreu. »

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