O Presidente da República lembrou hoje, em França, os mortos da Batalha de La Lys como « o maior luto militar » português desde Alcácer Quibir, e disse que não foi em vão mas a favor dos valores europeus.
Batalha de La Lys:
Marcelo Rebelo de Sousa disse que foi há 100 anos que a 2.ª divisão do Corpo Expedicionário Português « foi dizimada em oito horas » pelo ataque do exército alemão e que se viveu « o maior luto militar” desde Alcácer Quibir, em 1578.
Falando na presença do Presidente francês, Emmanuel Macron, e do primeiro ministro António Costa, no cemitério militar de Richebourg, norte de França, o chefe de Estado português disse que os soldados lusos lutaram por Portugal mas também pela França e por valores como « a democracia, a justiça na Europa e no mundo ».
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou os ataques terroristas sofridos em França e disse que Portugal está unido aos franceses nessa « luta contra o terrorismo ».
O chefe de Estado lembrou também o jovem português baleado nos ataques que ocorreram a 23 de março em Carcassonne e Trèbes, no sul de França, provocaram cinco mortos, incluindo o atacante, e 15 feridos.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou à defesa de uma Europa « sem fronteiras, sem exclusões ou intolerâncias e afirmemo-nos num mundo com valores humanistas mas verdadeiramente reformistas e progressistas ».
Os Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de França, Emmanuel Macron, presidiram hoje, no cemitério militar de Richebourg, ao ponto alto das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, que foi uma das mais mortíferas da história militar portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa e Emmanuel Macron, bem como o primeiro-ministro, António Costa, chegaram diretamente de Paris após um pequeno-almoço de trabalho no Palácio do Eliseu, em Paris.
Antes dos discursos, tiveram lugar as honras militares, ouviram-se os hinos francês e português cantados por um grupo de 80 crianças e foi descerrada uma placa evocativa do centenário da Batalha de “La Lys” pelos dois chefes de Estado.
A Batalha de La Lys iniciou-se na madrugada do dia 09 de abril de 1918, sob nevoeiro intenso que se misturava com os gases tóxicos e o ribombar da artilharia alemã contra as forças aliadas, nas quais os portugueses estavam integrados, e que destruiu as comunicações dos portugueses.
Esta batalha fez mais de 7.000 baixas portuguesas.
Marcelo Rebelo de Sousa, perante o silêncio dos que o escutavam, afirmou que o “cemitério é uma “testemunha silenciosa, mas impressionante” e lembrou um dos heróis da batalha.
“Um de tantos outros heróis permaneceu qual lenda de modo particular na nossa memória. Aníbal Augusto Milhais ficou conhecido como o soldado ‘Milhões’, “o único soldado raso a receber até hoje a mais elevada condecoração portuguesa”, a Ordem Militar da Torre e Espada do valor lealdade e mérito entregue em pleno campo de batalha pelo chefe militar e futuro Presidente da República Portuguesa, o marechal Manuel Gomes da Costa.
No final, os chefes de Estado e o primeiro-ministro demoraram-se a falar com os convidados da cerimónia que os iam interpelando e acabaram por aceder a tirar ‘selfies’. Alfa/Lusa.