Alfa/ com Lusa (adaptação Alfa)
Marcelo: « Portugal é o melhor país do mundo » e referiu que os portugueses no estrangeiro em geral trabalham mais do que muitos dos que vivem em Portugal. « Fomos os primeiros na Europa a atravessar os oceanos e tocar todos os continentes. Os espanhóis vieram a seguir – nem eram os espanhóis, que nem existiam, era um reino dentro de Espanha ».
Marcelo Rebelo de Sousa falava na Associação da Comunidade Portuguesa de Pretória, no fim das comemorações do Dia de Portugal na África do Sul, que começaram na segunda-feira, na Cidade do Cabo, e passaram também por Joanesburgo.
O chefe de Estado discursou num palco em que também estava o primeiro-ministro, António Costa, e esta foi a primeira mensagem que dirigiu aos emigrantes portugueses e lusodescendentes presentes na sala: « Nós somos o maior e o melhor país do mundo. Não é só por ser o nosso, nós somos muito, muito bons. Naquilo em que somos melhores, somos mesmo melhores ».
« Fomos os primeiros na Europa a atravessar os oceanos e tocar todos os continentes. Os espanhóis vieram a seguir – nem eram os espanhóis, que nem existiam, era um reino dentro de Espanha », prosseguiu.
O Presidente da República assinalou que o português é « a segunda língua mais falada no hemisfério sul, segunda língua mais usada no digital, a quinta língua mais usada no mundo », com uma « comunidade de língua oficial portuguesa em todos os continentes banhados por todos os oceanos ».
Referindo-se à realidade africana, Marcelo Rebelo de Sousa relatou como responde sempre que um chefe de Estado lhe « vem dar lições de História » sobre o que se passa em países como o Mali, a República Centro-Africana ou a Etiópia.
« Eu digo: nós já lá estivemos há 400 anos, ora, não me venha dar lições de História, porque isso sabemos nós, de frente para trás, de trás para a frente », afirmou, observando: « Vão de carrinho ».
O chefe de Estado questionou depois as opiniões que « mesmo às vezes os mais poderosos do mundo, amigos americanos », vêm dar sobre África: « Mas pensam isso de África, como? O que conhecem de África é a Libéria, que era uma espécie de quinta americana. De resto, nunca estiveram em África ».
« Nós estivemos, nós conhecemos. E há portugueses em todos os países do mundo », acrescentou.
Nesta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa falou apenas de emigração, e não do colonialismo português, elogiando aqueles que tiveram « a coragem para partir com uma mão à frente e outra atrás para ir viver longe, muito longe, para aí criar novos Portugais ».
« Nós começámos muito cedo a sair do território físico que era o de Portugal e a partir pelo mundo. Fomos assim. Português é universal, e não há universo onde não haja um português em todos os pontos », disse.
O Presidente da República retratou os emigrantes portugueses como integrantes de « uma História muito antiga », com « uma identidade muito definida », que estão a « criar todos os dias Portugal », onde quer que se encontrem.
« Uma ligação às raízes muito forte, mas o desejo de andar no mundo, percorrer o mundo todo, uma capacidade de adaptar a todas as línguas, a todos os climas, às situações mais difíceis, e começar e depois parar e voltar a começar », descreveu.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu aos portugueses que residem na África do Sul e deixou uma palavra especial sobre os que « tinham vidas começadas » em Angola ou Moçambique e « pararam, recomeçaram aqui na África do Sul, e com que dificuldade ».
« Umas vezes corre melhor, outras vezes corre pior. Mas é assim por todo o mundo: uma resistência, um agarrar tudo o que pode ser oportunidade, um espírito de família », considerou.